A guerra tarifária entre Estados Unidos e China resultou em um aumento significativo no interesse chinês pela soja brasileira. Como maior importador mundial do grão, a China tem se voltado cada vez mais para o Brasil como principal fornecedor, especialmente após impor tarifas sobre produtos americanos.
O Brasil consolidou sua posição como principal fornecedor de soja para o mercado chinês, onde o grão é fundamental para a indústria local. A soja brasileira é especialmente valorizada por seu alto teor de proteína, superior ao de outros países, sendo essencial na base alimentar chinesa, incluindo produtos como o tofu.
* Em abril, a China implementou uma tarifa de 20% sobre a soja americana, em retaliação às medidas comerciais do presidente Donald Trump
* Em maio, as compras de soja dos Estados Unidos foram completamente suspensas pelos chineses
* Pela primeira vez em sete anos, em setembro, nenhum navio americano com soja aportou na China
* O Brasil registrou um aumento de 30% nas exportações para a China em setembro, atingindo quase 11 milhões de toneladas
“Nós acabamos de entregar uma safra que foi gigantesca. Estamos falando aí de 171 milhões de toneladas, que é uma safra recorde, a maior safra de soja da nossa história. Então, a gente tem ali o maior comprador do planeta colocando restrições para aquisição desse produto do nosso maior concorrente, ok”, explica Felippe Serigatti, pesquisador FGV Agro.
O cenário tem se mostrado extremamente positivo para produtores e comerciantes brasileiros. Como destaca Deise Bissoni, diretora de finanças de grupo agrícola: “A soja é uma commodity. Então, a gente não coloca preço nesse produto. E, para fazer com que esse preço melhore, a gente tem que ter quem compra. Então, esse aumento do consumo da China é importante para que a gente continue crescendo. A China consumindo menos dos Estados Unidos, olhando mais para a América do Sul, a gente consegue vender melhor a nossa soja”.
Além do Brasil, Argentina e Uruguai também registraram aumento nas vendas para o mercado chinês, consolidando a América do Sul como principal região fornecedora de soja para a China. O volume exportado pelo Brasil em setembro representou 85% das aquisições chinesas no período, evidenciando a nova dinâmica do mercado internacional de soja.