A relação entre Brasil e Estados Unidos passa por um momento de reaproximação após semanas de tensão que levaram os dois países ao pior momento diplomático em décadas. O ex-embaixador americano Thomas Shannon analisa a mudança de postura do presidente Donald Trump em relação ao Brasil. As informações são da BBC Brasil.
De acordo com Shannon, dois fatores principais motivaram a mudança de postura de Trump. O primeiro foi o reconhecimento de que não conseguiria interferir no processo judicial de Jair Bolsonaro. “Trump sabe que sua tentativa de proteger Bolsonaro da prisão e garantir que ele pudesse disputar eleições fracassou”, afirmou o diplomata.
* Trump foi convencido pelo setor privado americano sobre o impacto negativo das tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros, que afetariam empresas e consumidores dos EUA
* O presidente americano transformou um problema bilateral em um encontro pessoal positivo com Lula durante a Assembleia Geral da ONU, mudando o tom da conversa entre os países
* A reaproximação deve focar em questões econômicas, mas as sanções contra ministros do STF devem ser mantidas, segundo Shannon
* Shannon acredita que as tarifas serão retiradas ou drasticamente reduzidas como parte da reaproximação
* O Brasil manteve posição firme ao não ceder às pressões americanas sobre o processo judicial de Bolsonaro
* A presença de empresas brasileiras nos EUA serviu como canal importante de comunicação durante a crise
O ex-embaixador destaca que o Brasil seguiu o único caminho possível durante a crise: “Os brasileiros nunca permitiriam que uma potência estrangeira se inserisse em um processo criminal ou determinasse quem poderia ou não ser candidato”.
Shannon ressalta que a mudança de postura de Trump também está relacionada a questões internas dos EUA, incluindo preocupações com o avanço da China na região e o impacto político que um confronto prolongado com o Brasil poderia ter em seu próprio país.