O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), intensifica sua campanha para influenciar a escolha do presidente Lula para a vaga no Supremo Tribunal Federal, aberta com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. Sua estratégia central é apresentar um número expressivo de votos favoráveis à indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Alcolumbre e seus aliados trabalham com uma projeção de apoio que poderia garantir uma aprovação confortável de Pacheco no Senado. O movimento visa, principalmente, desencorajar a possível indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, atual favorito para a vaga.
* Um levantamento informal realizado por aliados de Alcolumbre indica que Pacheco conseguiria aproximadamente 60 votos favoráveis no plenário, número significativamente superior aos 41 votos necessários para aprovação
* “Sabemos que Pacheco teria mais de 60 votos, fácil. E Messias, hoje, menos de 41”, revelou um interlocutor próximo a Alcolumbre
* A estratégia busca apresentar Pacheco como uma escolha mais segura, especialmente em um momento em que o governo enfrenta dificuldades no Congresso
O cenário político atual apresenta complexidades adicionais para o governo. Recentemente, o Executivo sofreu uma derrota significativa quando a Câmara deixou caducar uma medida provisória sobre tributação de aplicações financeiras, que representaria um alívio financeiro de R$ 35 bilhões.
A resistência a Jorge Messias, considerado por muitos senadores como um “quadro ideológico do PT”, já provoca tensões na base governista. A situação é agravada pela experiência recente com a nomeação do ministro Flávio Dino, que gerou desconforto entre parlamentares devido a suas decisões relacionadas ao orçamento secreto.
A oposição, por sua vez, já se mobiliza contra uma possível indicação de Messias. Grupos ligados ao ex-presidente Bolsonaro planejam usar como argumento uma interceptação telefônica de 2016, envolvendo o então presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, onde Messias é mencionado.
Vale ressaltar que o Senado não rejeita uma indicação para o STF desde 1894, durante o governo Floriano Peixoto. Na composição atual, os ministros que enfrentaram maior oposição foram Flávio Dino e André Mendonça, ambos aprovados com 47 votos.