A Polícia Civil de São Paulo identificou o segundo indivíduo suspeito de participar da execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, ocorrida na noite de segunda-feira (15) em Praia Grande, no litoral paulista. O anúncio foi feito pelo secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, em sua conta no X (antigo Twitter), nesta terça-feira (16).
“Já identificamos um segundo individuo que participou do assassinato do dr. Ruy Ferraz Fontes, após um trabalho de perícia no local. Vamos solicitar a prisão temporária dos dois já identificados. Seguimos com todas as polícias empenhadas nesse caso, para que os culpados sejam punidos”, escreveu Derrite.
De acordo com o secretário, os criminosos não conseguiram atear fogo em um segundo veículo utilizado na ação, o que permitiu que a Polícia Técnico-Científica coletasse material crucial para a identificação dos envolvidos.
Primeiro suspeito já tinha antecedentes
Mais cedo, durante o velório de Ferraz na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Derrite já havia confirmado a identificação do primeiro suspeito. Em coletiva de imprensa, ele classificou o crime como um “atentado terrorista” e prometeu punição severa a todos os envolvidos.
O secretário se recusou a divulgar o nome do primeiro suspeito para não comprometer as operações de captura, mas revelou que o homem possui extensos antecedentes criminais. “Para a surpresa de zero pessoas, inclusive a nossa, é um indivíduo que já foi preso várias vezes pelas forças policiais. Foi preso por roubo duas vezes, por tráfico duas vezes e foi apreendido quando era adolescente infrator”, detalhou Derrite.
O secretário-adjunto da SSP, Osvaldo Nico, acrescentou que este primeiro suspeito não seria um dos atiradores, e que a polícia ainda investiga seu papel exato no crime.
Relembre o caso
Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, foi morto a tiros em uma emboscada enquanto dirigia seu carro, um Fiat Argo preto, por volta das 18h de segunda-feira. Imagens de câmeras de segurança mostram que ele foi perseguido por criminosos em uma SUV preta, que estava estacionada em uma rua próxima à Prefeitura de Praia Grande, onde Ferraz era o titular da Secretaria de Administração.
Assista:
Ao perceber a perseguição, Ferraz tentou fugir, mas seu veículo colidiu com um ônibus após cerca de 2,5 km. Os criminosos então o alcançaram, desceram do carro e efetuaram mais de 20 tiros, executando o ex-delegado. Duas outras pessoas que estavam próximas ao local foram baleadas nas pernas e hospitalizadas, mas não correm risco de morte.
Nenhuma hipótese é descartada
As investigações não descartam nenhuma linha de apuração, incluindo a possível participação de agentes públicos no crime. As imagens da execução, que mostram uma ação coordenada e com indícios de conhecimento operacional, alimentam essa suspeita.
Além de ser apontado como um dos principais inimigos do Primeiro Comando da Capital (PCC) durante sua gestão à frente da Polícia Civil, entre 2011 e 2015, Ruy Ferraz também tinha inimizades dentro da própria corporação e, em sua função atual na prefeitura, pode ter contrariado interesses locais.
O procurador-geral do Estado, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, confirmou que o Ministério Público tinha conhecimento de ameaças contra Ferraz desde 2019. “Ele acabou sofrendo uma morte que tipicamente indica vingança, indica retaliação, represália”, disse, afirmando que as autoridades paulistas estão unidas no combate ao crime.
O secretário Derrite reiterou sua confiança no trabalho da Polícia Civil, mas disse estar aberto a uma eventual colaboração com a Polícia Federal. O corpo de Ruy Ferraz Fontes será sepultado no Cemitério da Paz, no Morumbi, na tarde desta terça-feira.