O ministro da Defesa, José Múcio, adotou postura cautelosa ao ser questionado sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas, proposto pela oposição no Congresso Nacional. Durante encontro com o presidente Lula e comandantes das Forças Armadas no Palácio da Alvorada, Múcio enfatizou a necessidade de fraternidade entre os Poderes.
“Não conheço o projeto (…) acho que essa queda de braço não favorece o país. Precisamos reconstruir a fraternidade”, declarou o ministro, acrescentando: “Tenho evitado conversar sobre isso nesse momento.”
O projeto de anistia, revelado pelo GLOBO, apresenta amplas implicações políticas e jurídicas:
* Prevê a elegibilidade de Jair Bolsonaro para as eleições presidenciais de 2026
* Contempla o perdão ao deputado Eduardo Bolsonaro e aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro
* Inclui alvos de inquéritos do STF sobre fake news e milícias digitais
* Abrange participantes dos acampamentos em frente aos quartéis após as eleições de 2022
* Pode anular medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro
A proposta enfrenta resistência dentro do Centrão e entre lideranças do Senado. O presidente da Câmara, Hugo Motta, indicou que as discussões sobre o texto ainda estão em andamento, sem definição concreta.
Sobre o julgamento de Bolsonaro no STF, Múcio reforçou a posição institucional: “O lema das Forças Armadas é respeitar a decisão da Justiça. Esse assunto é um problema da justiça e da política. As Forças Armadas é uma coisa diferente. Servem a um país.”
O processo em curso no Supremo analisa o “núcleo crucial” da trama golpista, com oito réus, incluindo o ex-presidente, que responde por cinco crimes com penas que podem totalizar 43 anos de prisão.