O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu seu voto pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus do chamado núcleo 1. Em uma sessão que durou mais de cinco horas, Moraes apresentou uma análise detalhada das evidências e argumentos do caso.
Durante seu voto, o ministro afirmou que “o Brasil quase volta a uma ditadura que durou 20 anos, porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições”.
* Validou a delação premiada de Mauro Cid, rejeitando argumentos da defesa sobre contradições nos depoimentos
* Refutou alegações de cerceamento de defesa, destacando que todas as provas estavam disponíveis desde o início do processo
* Apontou o uso indevido de órgãos públicos como Abin e GSI para monitorar adversários políticos e desacreditar a Justiça Eleitoral
* Identificou uma estratégia sistemática de disseminação de fake news sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral
* Destacou a reunião com embaixadores como “um dos momentos de maior entreguismo nacional”
* Documentos da operação Punhal Verde e Amarelo, impressos no Palácio do Planalto
* Mensagens do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para Bolsonaro sobre supostas fraudes nas urnas
* Áudios e registros de reuniões que, segundo Moraes, comprovam o planejamento de atos contra a democracia
O ministro enfatizou que “não existe previsão constitucional para a decretação de Estado de Sítio ou Estado de Defesa, de GLO, para o caso de derrota eleitoral”, classificando as minutas encontradas como documentos golpistas.
Sobre os eventos do 8 de Janeiro, Moraes afirmou que a organização criminosa tentou impedir a posse do presidente eleito até o último momento e, ao não conseguir, se reorganizou, resultando nos atos de vandalismo.
Em sua conclusão, o relator caracterizou as condutas como “grave atentado à liberdade e à democracia”, votando pela condenação dos réus por tentarem instalar um regime autoritário sob o pretexto de corrigir o resultado eleitoral.