Este movimento já movimenta trilhões de dólares no mundo e começa a ganhar protagonismo também no Brasil
O termo economia prateada surgiu inicialmente em países desenvolvidos, especialmente na Europa e no Japão, onde o envelhecimento populacional chegou mais cedo. A palavra “prateada” faz referência aos cabelos grisalhos, símbolo de maturidade e longevidade. Mais do que uma metáfora poética, ela representa um setor econômico em expansão, que envolve o consumo, a produção de bens e serviços, e as políticas públicas voltadas para pessoas acima dos 50 anos.
Na minha visão, estamos diante de uma das maiores transformações sociais e de consumo que o país já viveu. Muito se fala sobre o futuro estar nas mãos da geração Z, mas um levantamento da Data8 (hub de inteligência focado na economia prateada, que reúne insights, informações e desafios ligados ao envelhecimento populacional no Brasil e no mundo) trouxe um dado que deveria estar estampado em cada sala de conselho: em 2044, teremos 75 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, representando 35% do consumo domiciliar privado no país. Estamos falando de uma economia prateada que, só em 2024, movimentou R$ 1,8 trilhão e deve chegar perto de R$ 4 trilhões em 20 anos.
O consumidor invisível que se torna protagonista
Apesar dessa força, ainda existe uma cegueira de mercado. Pesquisas mostram que mais da metade dos brasileiros com mais de 55 anos não se sentem representados pelas marcas e pela publicidade. Como podemos aceitar que um público que concentra tanto poder de consumo continue invisível? Isso não é apenas uma falha de marketing, é uma perda estratégica.
Na minha experiência em branding, aprendi que segmentar por idade e gênero é reducionista.
O Brasil Prateado trouxe perfis inéditos: autossuficientes, sábios, cuidadores, exploradores, agregadores e pausados. Cada um desses arquétipos exige comunicação e soluções diferentes. Não se trata de vender mais remédios ou planos de saúde. Trata-se de oferecer experiências, viagens, tecnologia, cultura, moda, bem-estar, tudo com linguagem, design e canais que respeitem suas realidades.
O cliente gold é prata
Outro ponto poderoso: essa geração foi a que mais acumulou riqueza na história. São eles que sustentam hoje boa parte do mercado de luxo, buscando exclusividade, personalização e qualidade extrema. Quando falamos de imóveis, turismo, gastronomia ou consumo cultural, eles querem, e podem, o melhor. E o mercado precisa estar pronto para entregar isso com relevância.
Desafios e oportunidades
Claro que há desafios. O rombo da previdência social é um alerta, e o envelhecimento nas periferias exige soluções criativas e acessíveis. Mas também é aí que mora a oportunidade: criar produtos e serviços que ampliem qualidade de vida, acessibilidade e dignidade. A longevidade é feminina, e o climatério se torna um mercado bilionário ainda pouco explorado. O cuidador, por sua vez, é o novo cliente do futuro: muitas vezes ele decide o que será consumido, para si e para quem cuida.
O futuro das marcas é intergeracional
Eu acredito que marcas poderosas são aquelas que conectam gerações.
Na minha visão, investir no público 50+ é mais do que uma oportunidade, é uma estratégia de futuro. Empresas que se adaptam à nova realidade demográfica colhem benefícios claros: conquistam a fidelização de consumidores maduros, que tendem a ser mais leais às marcas que os reconhecem; ampliam suas vendas, já que o ticket médio desse público costuma ser mais elevado; diferenciam-se no mercado ao oferecer soluções que poucos ainda entregam; e, acima de tudo, fortalecem sua marca, posicionando-se de forma estratégica e genuinamente humana em um cenário de transformações profundas.
Empresas que souberem valorizar os prateados não só terão relevância no presente, mas também construirão um futuro sustentável, humano e inclusivo.
O bônus demográfico está acabando. A produtividade do país vai depender de uma longevidade ativa, criativa e valorizada.
A pergunta que fica é: sua marca está preparada para enxergar esse futuro?
Vamos refletir?
❍-❐