O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi tem causado apreensão no governo Lula às vésperas de seu depoimento na CPI do INSS. Afastado da pasta desde maio após o escândalo das fraudes em descontos, Lupi rejeitou passar por media training e, segundo fontes próximas, não está se preparando para os questionamentos na comissão.
A situação é agravada pelo atual distanciamento entre Lupi e a gestão petista, com pouca comunicação com ex-colegas da Esplanada e o Palácio do Planalto. Como presidente do PDT, ele é considerado um dos principais alvos da CPI por ter estado à frente do ministério durante a multiplicação dos descontos associativos em 2023 e 2024.
* O governo teme que o afastamento de quatro meses do cargo prejudique a precisão das respostas de Lupi sobre datas e eventos, algo que pode ser explorado pela oposição
* O perfil espontâneo do ex-ministro é visto como fator imprevisível, especialmente considerando sua recusa em passar por preparação prévia
* Existe preocupação com a possibilidade de reconvocação caso seu depoimento deixe dúvidas ou apresente inconsistências
* A escolha de Walber Agra, advogado do PDT responsável pela ação que tornou Bolsonaro inelegível, como acompanhante legal é vista com cautela por poder provocar bolsonaristas
Apesar das preocupações, auxiliares do presidente Lula avaliam que Lupi mantém lealdade ao governo e não deve agir para prejudicar a gestão petista na comissão. O ex-ministro inclusive já declarou apoio à candidatura de Lula em 2026.
A saída de Lupi do ministério em maio foi marcada por certa mágoa devido à forma do desligamento. Embora as investigações não o citem diretamente, prevaleceu no Planalto a percepção pública de sua falta de ação para conter os descontos irregulares.
A composição da CPI também preocupa o governo, com a presidência e relatoria nas mãos da oposição, através do senador Carlos Viana (Podemos-MG) e do deputado Alfredo Gaspar (União-AL), respectivamente, ambos alinhados ao ex-presidente Bolsonaro.
O depoimento está marcado para segunda-feira, às 16h, e será acompanhado de perto pelos governistas, que esperam uma sessão longa com questionamentos repetitivos para testar a consistência das respostas do ex-ministro.