A Rússia está relançando o Intervision, um festival musical televisivo que surgiu durante a Guerra Fria como rival do Eurovision. O anúncio vem três anos após a expulsão do país do evento europeu, e a nova edição está programada para 2025, contando com 23 países participantes, incluindo membros dos Brics e, surpreendentemente, os Estados Unidos.
A final do evento será realizada próximo a Moscou e transmitida pelo Piervy Kanal (“Primeiro Canal”), uma emissora estatal russa, além de transmissão ao vivo pelo YouTube. O festival conta com participantes de diversas regiões, incluindo América Latina, África e Ásia.
* O festival foi estabelecido por decreto presidencial em 2024, embora afirme não ter caráter político. Segundo o historiador Dean Vuletic, “O Intervision foi criado por um decreto presidencial em fevereiro deste ano, portanto, sem dúvida, é um evento político nesse sentido”.
* O evento promete defender “valores tradicionais universais e familiares” com “ideais espirituais”, contrastando com o Eurovision, conhecido por suas performances extravagantes e celebração da comunidade LGBTQ+.
* Entre os participantes estão todos os membros originais do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), além de países como Cuba, Venezuela, Egito e Arábia Saudita.
* A Rússia será representada pelo cantor pop Shaman (Yaroslav Dronov), conhecido por seu hino pró-guerra “Ya Russky”.
* O Intervision original foi realizado na Checoslováquia entre 1965 e 1968, retornando entre 1977 e 1980.
* O vencedor receberá 30 milhões de rublos (aproximadamente R$ 1,9 milhão), diferentemente do Eurovision, que não oferece premiação em dinheiro.
* A decisão será feita exclusivamente por um júri no estúdio, sem votação popular.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia considera o Intervision 2025 “um instrumento de propaganda hostil e um meio para encobrir a política agressiva da Federação Russa”. Especialistas como Bárbara Barreiro León, da Universidade de Aberdeen, sugerem que o relançamento é uma tentativa da Rússia de exportar seus valores culturais e estreitar laços com países aliados.
Até o momento, o evento tem gerado pouco engajamento nas redes sociais, com baixo número de visualizações nos vídeos das músicas participantes. No entanto, especialistas acreditam que a Rússia pode continuar realizando o concurso anualmente, independentemente da audiência, como forma de demonstrar sua capacidade de organizar eventos internacionais de grande porte.