O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), promove nesta terça-feira uma reunião crucial com líderes partidários para buscar um desfecho sobre o projeto de anistia relacionado aos eventos de 8 de janeiro. A pauta, que se arrasta desde o final do ano passado, representa uma demanda significativa da bancada alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Assessores próximos a Hugo Motta avaliam que a proposta de anistia, nos moldes defendidos pelos bolsonaristas, tornou-se impopular e mal vista pela sociedade. A percepção é que o apoio à iniciativa está cada vez mais restrito à bancada bolsonarista no Congresso, com outros partidos demonstrando resistência a um texto amplo.
* O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que intensificou articulações a favor do projeto, teria sido politicamente prejudicado por seu apoio à anistia, segundo interlocutores do presidente da Câmara.
* Hugo Motta tem fortalecido seus laços com o governo federal, tendo se reunido recentemente com o presidente Lula e participado de uma cerimônia no Palácio do Planalto, além de conversas com o ministro Rui Costa.
Existem desacordos significativos sobre o conteúdo ideal do projeto. Enquanto membros do PL próximos a Bolsonaro desejam uma anistia que recupere sua elegibilidade, integrantes do Centrão resistem a esse cenário, preferindo uma versão que mantenha Bolsonaro fora das eleições, mas anule sua condenação na trama golpista.
A articulação política do governo trabalha para impedir o avanço da anistia na Câmara. O objetivo principal é evitar que a urgência do projeto seja pautada, embora já existam preparativos para barrar os 257 votos necessários para sua aprovação, caso chegue à votação.
Uma versão mais branda do projeto, de autoria do deputado Fausto Pinato (PP-SP), propõe anistiar apenas os manifestantes do 8 de janeiro, excluindo Bolsonaro do perdão. O líder do Podemos, Rodrigo Gambale (SP), busca apoio para acelerar a tramitação desta proposta alternativa.
A base governista pretende priorizar outros temas, como o projeto que isenta quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda, buscando disputar a prioridade das votações com a anistia. Além disso, a MP do Setor Elétrico, parte do pacote eleitoral de Lula, precisa ser votada com urgência devido ao prazo de validade.