PF desmonta esquema de licenciamentos ambientais “comprados” em Minas Gerais; ex-presidente da Feam ameaça delatar colegas após ser preso
O ex-presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Rodrigo Franco, preso pela Polícia Federal na Operação Rejeito desta quarta-feira (17 de setembro), teria dito a um interlocutor, antes da prisão, que “se acontecer algo comigo, vou entregar a turma”. Afastado do cargo no sábado (13), quatro dias antes da ação da PF, Franco declarou ser “pau mandado” e que as “ordens vinham de cima”.
A operação investiga um esquema criminoso envolvendo empresários e servidores de órgãos ambientais para beneficiar a mineração em áreas protegidas, como a Serra do Curral, em Belo Horizonte. A Polícia Federal cumpriu mandados contra Franco, outros quatro servidores da Feam e um do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Segundo as investigações, licenciamentos ambientais eram “comprados”, seguindo a regra de “pagou, licenciou”.
O esquema teria se fortalecido após uma reforma administrativa do governo Zema que, seguindo um modelo similar ao proposto pelo ex-ministro Ricardo Salles, transformou a Feam em um órgão político, desmontou a fiscalização e a transferiu para uma fundação sem servidores de carreira. O estado mineiro enfrenta ainda uma greve dos servidores ambientais há 17 dias, às vésperas da COP-30.