O almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha durante o governo Bolsonaro, figura entre os oito réus do núcleo crucial do julgamento da tentativa de golpe de Estado de 2022. Seu advogado, Demóstenes Torres, negou nesta terça-feira (2) que o militar tenha colocado tropas à disposição para sustentar um golpe após a vitória de Lula nas eleições. A declaração ocorreu durante o julgamento da Ação Penal 2668 pela Primeira Turma do STF.
Em sua sustentação oral, Torres afirmou: “O Procurador-Geral da República ficou apenas com a afirmação de que [Garnier] teria colocado tropas à disposição, evidentemente por ausência de lastro”. A defesa também questionou a credibilidade da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e alegou que a PGR incluiu fatos não presentes na denúncia inicial, como a interpretação de um desfile da Marinha em 2021 como apoio ao golpe.
Garnier responde por cinco crimes:
As penas podem chegar a 17 anos de prisão com agravantes. Segundo a PGR, Garnier integrava o núcleo central da organização criminosa que tentou impedir a posse de Lula e teria disponibilizado a Marinha para apoiar uma ruptura institucional. A acusação baseia-se em depoimentos de outros comandantes militares e em anotações do ex-ministro Augusto Heleno.
A defesa contesta as acusações, argumentando que não há provas concretas e que existem contradições nos depoimentos dos então comandantes do Exército (Freire Gomes) e da Aeronáutica (Baptista Júnior). Torres também fez comentários pessoais durante o julgamento, dizendo que “levaria um cigarro para Bolsonaro” e que é “a única pessoa no Brasil que gosta tanto de Bolsonaro quanto de Alexandre de Moraes”.
O julgamento é considerado histórico e tem repercutido internacionalmente, com cobertura de veículos como The New York Times e BBC. Se condenado, Garnier pode ter a pena executada imediatamente, pois o processo ocorre em instância única.