O advogado Matheus Milanez, representante do general Augusto Heleno, ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), revelou durante o segundo dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal que seu cliente se afastou do governo após a aproximação do então presidente Jair Bolsonaro com o Centrão.
Durante sua defesa no julgamento do Núcleo 1 da suposta tentativa de golpe de Estado, Milanez apresentou uma série de evidências que demonstram o gradual afastamento de Heleno das decisões governamentais, embora tenha mantido seu apoio público a Bolsonaro.
Pontos principais da defesa:
* Heleno se opunha à política tradicional representada pelo Centrão, preferindo políticos não tradicionais com foco na defesa nacional.
* O afastamento começou após a filiação de Bolsonaro ao PL e sua aproximação com partidos do Centrão, conforme evidenciado por matérias jornalísticas apresentadas pela defesa.
* Depoimentos de testemunhas, incluindo o coronel Amilton, assessor especial da comunicação social, confirmaram o distanciamento a partir da filiação de Bolsonaro ao PL.
* A defesa utilizou 107 slides autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes para sustentar seus argumentos durante o julgamento.
Conforme citado pelo advogado: “General Heleno era contra essa política tradicional. Era a favor de políticos não de carreira, mas de pessoas que se destacassem pelo seu interesse na defesa nacional”.
O advogado apresentou uma reportagem da revista Veja que descreveu o “fim melancólico” de Heleno no governo, destacando como o general, conhecido por criticar o Centrão durante a campanha, assistiu Bolsonaro entregar posições importantes do governo a figuras como Ciro Nogueira na Casa Civil e estabelecer alianças com Arthur Lira.
Vale ressaltar que Heleno é acusado de participar de um suposto plano de golpe em 2022, incluindo a disseminação de notícias falsas sobre o processo eleitoral e críticas aos ministros do Supremo. A Procuradoria-Geral da República também o acusa de ter conhecimento sobre o uso irregular da Abin para monitorar aliados de Bolsonaro.