Após um mês da imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o cenário é marcado por tentativas de negociação e defesa da soberania nacional. A medida, anunciada por Donald Trump em julho, estabeleceu uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os EUA.
O tarifaço, que entrou em vigor em 6 de agosto, afeta 3,3% das exportações brasileiras, segundo cálculos do vice-presidente Geraldo Alckmin. Cerca de 700 produtos foram incluídos em uma lista de exceções, representando 44,6% das exportações para os EUA.
* Trump anunciou inicialmente uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, justificando a medida pelo suposto déficit comercial dos EUA e questões relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro
* O governo brasileiro contestou as alegações, demonstrando que o Brasil acumula déficit comercial de quase US$ 410 bilhões com os EUA nos últimos 15 anos
* Produtos como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis foram incluídos na lista de exceções
* A Embraer foi uma das principais beneficiadas pelas exceções, mantendo suas exportações de aeronaves para o mercado americano
* O estado do Ceará decretou situação de emergência, tendo mais de 90% de sua pauta exportadora afetada
* O governo federal lançou o Plano Brasil Soberano, com R$ 30 bilhões em linhas de crédito para apoiar exportadores
* Em agosto, primeiro mês do tarifaço, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior
O Brasil busca resolução por meio de diferentes frentes. O país acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e iniciou processo para aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica. Paralelamente, autoridades e empresários brasileiros mantêm canais de negociação com os Estados Unidos.
O impacto das medidas tem sido setorial, sem efeitos significativos na inflação ao consumidor brasileiro.
O presidente Lula tem defendido a soberania nacional, afirmando que o Brasil não aceitará “desaforo, ofensas nem petulância de ninguém”, mantendo-se, contudo, aberto a negociações comerciais.