Um novo estudo publicado na revista “Nature Communications” revelou dados alarmantes sobre o impacto do desmatamento na Amazônia. Cerca de 75% da redução das chuvas durante a estação seca desde 1985 pode ser atribuída diretamente à derrubada da floresta, superando os efeitos das mudanças climáticas globais.
A pesquisa, conduzida por cientistas brasileiros e estrangeiros, demonstrou que a floresta perdeu aproximadamente 15,8 milímetros de chuva por estação seca devido ao avanço do corte raso. Além disso, houve um aumento de cerca de 2°C na temperatura máxima da superfície do ar, sendo 16,5% deste aumento diretamente relacionado ao desmatamento.
Marco Aurélio de Menezes Franco, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP) e líder do estudo, declarou: “A Amazônia sempre foi conhecida por altos volumes de chuva, mesmo na estação seca, entretanto, encontrar algo em torno de 75% realmente é, para mim, muito surpreendente”.
* As alterações climáticas se manifestam rapidamente após o início do desmatamento, bastando a perda de 10% a 40% da cobertura vegetal para que as mudanças se tornem evidentes
* O sistema amazônico é extremamente sensível, pois a vegetação produz partículas essenciais para a formação de nuvens e chuvas
* A redução da umidade afeta os “rios voadores”, correntes de vapor d”água que abastecem regiões agrícolas no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil
* O agronegócio já experimenta prejuízos, especialmente na produtividade das safrinhas
* Caso o ritmo atual de desmatamento persista, até 2035 a região poderá enfrentar:
– Aumento de 2,64°C nas temperaturas máximas
– Redução de 28,3 milímetros de chuva por estação seca
– Em áreas mais desmatadas, o efeito local já elevou a temperatura em até 1,25°C
O estudo destaca que regiões como o arco do desmatamento, no sudeste da Amazônia, já registram mais secas, queimadas severas e calor extremo. Embora não haja consenso sobre o “ponto de não retorno”, existem indicadores de que a floresta pode se aproximar de condições similares às do Cerrado ou da Caatinga.
As descobertas têm implicações diretas para as discussões da COP30, fornecendo evidências científicas concretas para embasar decisões políticas e medidas de preservação da floresta amazônica.