O governo brasileiro intensificou suas ações de resposta após o presidente americano Donald Trump elevar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. A medida, que começou a valer nesta quarta-feira (6/8), representa um aumento significativo em relação aos 10% anteriormente impostos em março.
A escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos teve início quando Trump impôs uma taxação inicial de 10% sobre produtos brasileiros, com exceção daqueles que já possuíam tarifas específicas mais elevadas, como aço e alumínio, taxados em 25% desde fevereiro.
O governo brasileiro estruturou sua reação em quatro frentes principais:
O Brasil formalizou um pedido de consulta junto à Organização Mundial do Comércio, alegando que os EUA violaram “flagrantemente” compromissos centrais assumidos na organização. Embora a última instância da OMC esteja paralisada, a medida representa um importante aceno político.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou à Reuters que pretende contatar líderes do BRICS para discutir uma possível resposta conjunta, especialmente após Trump também impor tarifas de 25% sobre a Índia por suas compras de petróleo russo.
As negociações estão sendo conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro Mauro Vieira. Foi criado o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, que busca alternativas para o impasse.
O ministro Fernando Haddad anunciou um pacote de medidas focado principalmente em pequenos produtores, incluindo concessão de crédito para empresas afetadas e aumento de compras governamentais.
Trump justificou o aumento das tarifas como uma retaliação ao processo que corre no Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe. O impacto total das novas tarifas ainda não foi calculado, considerando que existe uma lista de quase 700 exceções.
O governo brasileiro também avalia incluir a exploração de minerais críticos e terras raras no pacote de negociação bilateral com os EUA, além de buscar acelerar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia como alternativa comercial.