Enquanto o rival vive de ilusão e teatrinho, o Cruzeiro mostra dentro de campo quem é o verdadeiro protagonista do futebol mineiro
Teve torcedor adversário comemorando sorteio, rindo de ter pegado o Cruzeiro. Teve titular com camisa 92 bancando resenha em rede social. Teve até provocação mal ensaiada antes do clássico. Mas a verdade é uma só: o Maior de Minas entrou em campo e mostrou que, quando se fala em decisão, não existe espaço para oba-oba.
É até engraçado ouvir que o Atlético teria sido “melhor” ou que “pressionou” no primeiro tempo. Vamos combinar: todos os lances de perigo deles estavam em impedimento. Zero normalidade, zero superioridade. Foi ilusão. Jogo jogado mesmo, só deu Cruzeiro.
E aí vem a narrativa de que a Raposa “achou” um gol. Ora, como escreveu o meu amigo Josias Pereira, só marca quem procura e tem competência para fazê-lo. O Cruzeiro teve as duas coisas. Marcou porque foi eficiente, porque acreditou, porque foi competitivo. É assim que se ganha clássico.
O segundo tempo, então, foi de almanaque. O tal “Cruzeiro que morre na volta do intervalo” não apareceu. Pelo contrário. Romero e Lucas Silva tomaram conta do meio. Os laterais venceram praticamente todos os duelos individuais. A zaga, perfeita em cada bola. Se a transição tivesse sido mais caprichosa, a classificação já teria vindo de bandeja.
O dado é claro: o Cruzeiro sofreu gol em apenas um dos últimos 10 jogos fora de casa nesta temporada. É consistência, é trabalho, é organização. E isso tudo tem nome: Leonardo Jardim.
O português é a melhor coisa que aconteceu ao Cruzeiro nos últimos anos. Ser sereno, didático e seguro nas coletivas reflete o estágio em que estamos. Enquanto Cuca faz teatrinho com Éder Aleixo para inventar “combustível extra”, Jardim simplesmente explica o jogo. Sem show, sem espuma. Apenas futebol.
E essa postura é o que precisa contagiar o torcedor. Porque o rival tenta criar clima de “já ganhou”, quer que o cruzeirense vá ao Mineirão achando que a vaga está no bolso. Mas o trabalho não acabou. A primeira batalha foi vencida, mas a guerra só termina no apito final do jogo da volta.
O Cruzeiro, no entanto, pode tirar proveito até do calendário. Se avançar, a semifinal da Copa do Brasil acontece só depois de rodadas importantes do Brasileirão. Dá pra manter força no G4, brigar por vaga direta na Libertadores e voltar leve para o mata-mata. Um cenário que o cruzeirense não via há anos.
Por isso digo e repito: que Leonardo Jardim tenha vida longa no Cruzeiro. O que ele faz com o elenco atual já é um absurdo. Imaginem o que poderá fazer com um grupo mais encorpado, com peças de maior qualidade. Pensar no Cruzeiro antes e depois dele é simplesmente surreal.
O Maior de Minas e o Rei de Copas está de volta. Que respeitem!