Um dos maiores escândalos de saúde da história da Argentina resultou na morte de pelo menos 87 pessoas após a administração de fentanil contaminado em diversos hospitais do país. As autoridades investigam casos de pacientes que, após receberem o analgésico durante tratamentos de rotina, faleceram devido a graves infecções bacterianas.
As investigações revelaram que aproximadamente 300 mil ampolas de fentanil foram infectadas por bactérias super-resistentes e distribuídas em diferentes centros médicos argentinos. Os laboratórios HLB Pharma Group e Ramallo, responsáveis pela produção, estão sob investigação.
* O juiz federal Ernesto Kreplak, responsável pelo caso, confirmou a presença das bactérias Klebsiella pneumoniae e Ralstonia pickettii tanto nas vítimas quanto nos frascos de fentanil
* Dois lotes foram identificados como contaminados, sendo que um deles teve ampla circulação e uso, enquanto o outro foi interceptado antes da distribuição
* As mortes começaram a ser investigadas no final do ano passado, mas as irregularidades só vieram a público em maio deste ano, após denúncias de instituições médicas
Um dos casos mais impactantes é o de Leonel Ayala, professor de Educação Musical de 32 anos. Ele foi internado inicialmente para tratar cálculos renais, desenvolveu uma pancreatite e acabou recebendo o fentanil contaminado durante uma cirurgia no Hospital Italiano de La Plata. Após apresentar melhoras iniciais, seu quadro deteriorou rapidamente devido à infecção bacteriana, levando ao seu falecimento em 8 de abril.
Sandra Altamirano, que perdeu seu filho Daniel Sebastián Oviedo de 42 anos, também compartilhou sua história. Ele entrou no hospital para um procedimento de diálise e não resistiu após receber o medicamento contaminado.
Os familiares das vítimas se mobilizaram criando um grupo de apoio chamado “Unidos pela justiça das vítimas do fentanil mortal”, onde compartilham informações e buscam orientação para identificar possíveis casos relacionados ao medicamento contaminado.
Atualmente, mais de 24 pessoas estão sob investigação, e o juiz Kreplak ordenou a apreensão de todos os lotes suspeitos. Os familiares das vítimas não apenas exigem justiça contra os responsáveis, mas também a implementação de protocolos mais rigorosos para rastreamento de medicamentos controlados.