Senadores brasileiros em missão oficial em Washington alertaram sobre uma possível ameaça de sanções comerciais automáticas contra o Brasil nos próximos 90 dias. A medida, que está sendo discutida no Congresso norte-americano, visa penalizar países que mantêm relações comerciais com a Rússia, podendo ter impactos mais severos que as recentes tarifas anunciadas por Donald Trump.
* Uma proposta de lei bipartidária no Congresso dos EUA prevê sanções automáticas a países que mantiverem relações comerciais com a Rússia, conforme alertou o senador Carlos Viana (Podemos-MG): “Será uma lei americana que vai impor contra os dois partidos, que já são claros de que aprovarão essa lei. Não será, portanto, uma decisão do presidente dos Estados Unidos. Será uma decisão do Congresso americano”.
* Parlamentares brasileiros relataram pressão especialmente do Partido Democrata para revisar acordos comerciais com Moscou, sob risco de uma “crise pior”. A medida busca pressionar Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo com a Ucrânia.
* Uma possível brecha na lei pode beneficiar o Brasil: existe disposição no Congresso americano para isentar insumos agrícolas, como fertilizantes, das sanções previstas.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), destacou a dependência brasileira de insumos russos para o agronegócio: “Não temos substituto imediato para a importação de fertilizantes. Se interrompermos essas compras, paramos o agronegócio brasileiro”.
Interlocutores norte-americanos sugeriram um contato direto entre o presidente Lula e Trump para discutir o caso. Wagner informou que Lula estaria disposto ao diálogo, desde que não envolva interferência no Judiciário brasileiro: “Falei com o presidente Lula, que disse que tem que ser respeitado. Quem tem que organizar esse encontro é a diplomacia”.
A comitiva de oito senadores encerrou a missão diplomática após três dias de reuniões em Washington. As negociações oficiais para impedir as tarifas seguem sob coordenação do vice-presidente Geraldo Alckmin.