Senadores brasileiros realizaram uma reunião virtual nesta quarta-feira (23) com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, para finalizar os preparativos da missão oficial aos Estados Unidos. A viagem, programada para ocorrer entre 28 e 30 de julho, tem como objetivo principal articular apoio político contra o aumento de até 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros.
A comitiva, criada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e aprovada em plenário, possui caráter suprapartidário e institucional. Embora os parlamentares não tenham poder direto para negociar tarifas, função que compete ao Executivo, buscarão estabelecer diálogo com congressistas, empresários e representantes do setor produtivo americano.
O senador Nelsinho Trad, líder da comitiva, detalhou que a agenda em Washington incluirá encontros estratégicos com diversos setores. “A agenda técnica vai terminar de ser concluída até o final dessa semana, onde nós vamos reunir com empresários americanos que têm negócios com o Brasil, empresários brasileiros que têm negócios com os Estados Unidos, parlamentares americanos num dia subsequente, para que nós da Comissão possamos demonstrar a intenção de estreitar a relação diplomática com os Estados Unidos. Não pode ficar fria da forma como está. E no outro dia, terminada a missão, o regresso para o Brasil”, explicou.
Durante a reunião preparatória, que contou com a presença da secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, e representantes do gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, técnicos do governo apresentaram dados preocupantes. As novas tarifas podem afetar significativamente setores como agronegócio, metalurgia e indústria de transformação, colocando em risco aproximadamente 1,9 milhão de empregos no Brasil.
O chanceler Mauro Vieira apresentou aos senadores os esforços já realizados junto ao Tesouro americano e destacou um ponto importante: mesmo com o Brasil incluído entre os “Dirty 15” – países acusados pelos EUA de práticas comerciais desleais e emissões elevadas de carbono – o país mantém um déficit comercial com os Estados Unidos há 15 anos. Vieira ressaltou que países com perfil semelhante, como Austrália e Reino Unido, não foram penalizados.