O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta sexta-feira, 4, seu apoio à criação de uma moeda comum para o Brics, durante a abertura da 10ª reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). A proposta surge como alternativa à dominância do dólar nas transações internacionais, mesmo diante das ameaças americanas de retaliação comercial.
A defesa de uma moeda comum para o bloco tem sido uma pauta constante de Lula desde 2023, embora o tema tenha sido temporariamente afastado devido à sua sensibilidade. A proposta agrada principalmente países que mantêm rivalidade econômica com os Estados Unidos, como China, ou que enfrentam sanções econômicas, como Rússia e Irã.
* O governo americano, sob Donald Trump, chegou a ameaçar taxar em 100% as exportações de países que tentassem desafiar a hegemonia do dólar
* O Brasil havia retirado a discussão sobre a moeda comum da agenda oficial do Brics este ano, tentando amenizar a percepção de que o grupo possui uma orientação antiocidental
* Durante o evento, a presidente do NDB, Dilma Rousseff, criticou indiretamente as políticas tarifárias americanas, afirmando que “Testemunhamos um recuo na cooperação e o ressurgimento do unilateralismo”
* Lula participará de uma série de encontros bilaterais no sábado, 5, no Forte de Copacabana, incluindo reuniões com líderes da Etiópia, Nigéria, Vietnã, China e Cuba
* O presidente discursará pela manhã no Fórum Empresarial do Brics, na zona portuária do Rio
* A cúpula oficial do Brics terá início no domingo, 6, com abertura no Museu de Arte Moderna (MAM)
Após o encerramento da cúpula na segunda-feira, 7, Lula retornará a Brasília para receber as visitas de Estado do primeiro-ministro indiano Narendra Modi e do presidente indonésio Prabowo Subianto. Na ocasião, o presidente brasileiro deverá agradecer os esforços de resgate da brasileira Juliana Marins, que faleceu em uma trilha no Monte Rinjani, em junho.
A postura de Lula em relação à moeda comum do Brics reflete não apenas questões de política externa, mas também dialoga com disputas domésticas, especialmente no contexto dos recentes embates entre Executivo e Congresso sobre questões econômicas.