O Itamaraty emitiu neste terça-feira (15 de julho) uma forte resposta às recentes declarações do governo dos Estados Unidos que mencionaram diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação ocorre em meio a crescentes tensões diplomáticas entre os dois países.
Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores “rechaçou e deplorou” as declarações americanas, classificando-as como “nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro”.
A manifestação americana, assinada pelo subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA, Darren Beattie, relacionou as novas tarifas anunciadas por Donald Trump aos supostos “ataques contra Jair Bolsonaro”. O texto americano afirmou que “ataques como este são uma desgraça e estão muito abaixo da dignidade do Brasil”.
Paralelamente à crise diplomática, o governo brasileiro manteve reuniões estratégicas com setores produtivos. Um comitê interministerial realizou encontros com representantes da indústria e do agronegócio para discutir alternativas e possíveis soluções para a situação.
O Itamaraty ressaltou que mantém negociações com os Estados Unidos desde março e manifestou disposição para continuar o diálogo. No entanto, manteve posição firme ao declarar que “a equivocada politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação”.
“O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro. Tais manifestações não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países.
No que se refere ao comércio, o Brasil vem negociando com autoridades norte-americanas, desde março, questões relativas a tarifas, de interesse mútuo, e está disposto a dar sequência a esse diálogo, em benefício das economias, dos setores produtivos e das populações de ambos os países. A equivocada politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação.”