As negociações indiretas entre Israel e o Hamas para estabelecer um cessar-fogo na Faixa de Gaza encontram-se em um momento crítico devido a divergências sobre o plano de retirada do Exército israelense do território palestino.
As conversações, iniciadas no último domingo em Doha, capital do Catar, buscam alcançar uma trégua no conflito que teve início após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Tanto o Hamas quanto Israel sinalizaram a possibilidade de libertação de dez reféns caso um acordo de cessar-fogo de 60 dias seja estabelecido.
* Fontes palestinas apontam “obstáculos e dificuldades complexas” nas negociações, destacando a “insistência” de Israel em manter suas forças em mais de 40% da Faixa de Gaza
* Israel planeja, segundo fontes palestinas, concentrar centenas de milhares de deslocados em uma área a oeste de Rafah, possivelmente visando um deslocamento forçado da população para o Egito ou outros países
* O Hamas exige a retirada completa das forças israelenses de todas as áreas ocupadas após 2 de março de 2025 na Faixa de Gaza
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, reafirmou que os objetivos de Israel incluem a libertação dos reféns, a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas e a expulsão do movimento islamista de Gaza. Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque de 7 de outubro, 49 permanecem em Gaza, sendo 27 declaradas mortas pelo Exército israelense.
Enquanto as negociações prosseguem, a violência continua na região. O Exército israelense reportou ter “bombardeado cerca de 250 alvos terroristas” nas últimas 48 horas em todo o território palestino. A Defesa Civil de Gaza registrou 14 mortos neste sábado, incluindo uma família inteira atingida por um bombardeio noturno no campo de deslocados de Deir al-Balah.
O conflito já resultou em 1.219 israelenses mortos, majoritariamente civis. Do lado palestino, ao menos 57.823 pessoas, em sua maioria civis, perderam a vida nas operações de retaliação do Exército israelense em Gaza, conforme dados do Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
As negociações continuam com mediação dos Estados Unidos, Egito e Catar, com alguns avanços reportados em questões como ajuda humanitária e a troca de reféns por prisioneiros palestinos em Israel. Netanyahu declarou estar disposto a negociar um cessar-fogo permanente em Gaza após uma possível trégua de 60 dias, condicionando isso ao desarmamento do Hamas e ao abandono do governo de Gaza, que o grupo controla desde 2007.