A ex-diretora do presídio de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, está no centro de uma investigação que revelou um esquema de irregularidades e relações controversas com detentos. O caso veio à tona após a fuga de 16 presos em dezembro de 2024, expondo um relacionamento amoroso entre a ex-diretora e Ednaldo Pereira Souza, conhecido como Dadá, líder do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE).
De acordo com depoimentos de detentos e investigações oficiais, Joneuma Silva Neres facilitava diversos privilégios dentro da unidade prisional:
* Autorizava a entrada irregular de equipamentos como freezers, roupas, sanduicheiras e refrigeradores para uso de membros de facções
* Permitia que a esposa de Dadá entrasse no Conjunto Penal sem passar por revistas ou inspeções
* Realizava encontros particulares frequentes com Dadá, em reuniões onde o visor da porta era coberto por papel
O juiz do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) destacou na sentença que manteve a prisão da ex-gestora: “As investigações apontam diversas irregularidades no Conjunto Penal, após a direção assumida pela investigada, tais como contato direto e reuniões particulares com detentos chefes de facções criminosas, concessão de certos benefícios e autorização de entrada no presídio sem a devida revista pessoal para algumas pessoas”.
A defesa de Joneuma Silva Neres, através do advogado Artur Nunes, argumenta que as ações visavam manter a paz na penitenciária: “Dentro de uma unidade penal, vive-se de negociação, no sentido de você tentar ao máximo estabelecer a ordem da unidade prisional, evitar problemas, guerras e conflitos entre os presos”.
O caso ganhou novos contornos quando Joneuma, presa em janeiro, teve um filho prematuro dentro do Conjunto Penal de Itabuna. Posteriormente, ela moveu uma ação de alimentos gravídicos contra o ex-deputado federal Uldurico Júnior (MDB), alegando um relacionamento anterior e apresentando documentos como fotos do casal e registro de casamento.