O BTG Pactual divulgou nesta quinta-feira um relatório analisando o impacto da nova tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. De acordo com os estrategistas do banco, o efeito econômico direto da medida deve ser limitado, embora alguns setores específicos possam sofrer impactos desproporcionais.
A equipe de analistas, sob a liderança de Carlos Sequeira, expressou surpresa com o anúncio do presidente Donald Trump sobre a imposição da tarifa aos produtos brasileiros exportados aos EUA, excluindo aqueles já sujeitos a tarifas setoriais específicas. O banco destacou que, diferentemente de outras medidas tarifárias recentes aplicadas a parceiros comerciais americanos, esta decisão aparenta ter motivação política, relacionada ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
* O relatório destaca que apenas 12% das exportações brasileiras são destinadas aos Estados Unidos, representando aproximadamente 1,7% do PIB brasileiro
* Entre os setores mais expostos ao mercado norte-americano estão:
– Produtos semimanufaturados de ferro e aço (71,8% das exportações)
– Setor de aeronaves (63,2% das exportações)
– Materiais de construção (57,9% das exportações)
– Madeira e produtos de madeira (43,2% das exportações)
* As empresas mais afetadas, segundo o BTG Pactual, incluem Embraer, WEG e Suzano
* Para as companhias de petróleo, o impacto é considerado limitado
* A maior parte das empresas do agronegócio deve ter impacto reduzido, devido à menor relevância de seus produtos nas importações americanas
O BTG Pactual também avaliou as possíveis consequências políticas da medida. Segundo o relatório, a disputa tarifária pode fortalecer politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente considerando as eleições de 2026. A base de apoio do governo no Congresso sugere que o episódio pode beneficiar Lula, principalmente após as referências diretas de Trump a Bolsonaro.