O bloco dos Brics inicia sua cúpula no Rio de Janeiro em meio a crescentes questionamentos sobre seu suposto caráter antiocidental. O debate se intensifica principalmente após a expansão do grupo e recentes posicionamentos em conflitos globais.
A discussão sobre o possível viés antiocidental do Brics ganhou força com a presença de tradicionais adversários dos Estados Unidos no bloco, como Rússia, China e, mais recentemente, Irã. O grupo, que atualmente representa cerca de metade da população mundial e 40% da riqueza global, inclui 11 países membros.
* O termo Brics surgiu em 2001, através de um relatório do economista Jim O”neil, identificando Brasil, Rússia, Índia e China como potenciais potências econômicas
* Em 2009, ocorreu a primeira reunião oficial do grupo na Rússia
* A África do Sul foi incorporada em 2011
* Em 2024, o bloco expandiu-se com a entrada de seis novos membros, incluindo Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos
* O secretário de Estado americano, Marco Rubio, descreveu o Brics como uma “ameaça aos Estados Unidos e ao Ocidente”
* Donald Trump fez ameaças ao bloco caso adotasse medidas para diminuir o uso do dólar
* O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, rejeitou a tese antiocidental, destacando o perfil diplomático de países como Brasil, África do Sul e Índia
Especialistas consultados indicam que a realidade é mais complexa. Enquanto alguns membros como Rússia, China e Irã demonstram clara oposição à hegemonia ocidental, outros mantêm fortes vínculos com os Estados Unidos e Europa Ocidental.
A professora Ana Paula Garcia, da UFRRJ, destaca que o Brics não nasceu como um bloco antiocidental, mas sim como resposta à crise financeira de 2008, buscando maior representatividade nas instituições financeiras globais.
* A hesitação em condenar a invasão russa à Ucrânia
* O apoio ao Irã após ataques coordenados por Israel e Estados Unidos
* A ausência dos presidentes da Rússia, China e Irã na cúpula do Rio de Janeiro
A cúpula atual ocorre em um momento delicado, com o Brasil buscando equilibrar as tensões e evitar pontos de fricção com os Estados Unidos, especialmente em questões financeiras e monetárias.
O encontro no Rio de Janeiro deve definir importantes posicionamentos do bloco, especialmente em relação aos recentes conflitos globais, mantendo a expectativa sobre como o grupo se manifestará diante das tensões internacionais atuais.