O seminário “Diálogo Brasil-China sobre os Brics e Cooperação Global em Finanças, IA e Transição Verde” destacou a necessidade urgente de cooperação entre os países do Brics no desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) e transição energética. O evento, realizado na PUC-Rio em parceria com o Beijing Club for International Dialogue, reuniu especialistas internacionais para discutir os desafios e oportunidades do bloco.
Especialistas enfatizaram a importância da união dos países do Brics para enfrentar o domínio tecnológico das nações desenvolvidas, especialmente após o sucesso da China com a IA DeepSeek. A discussão também abordou questões cruciais sobre transição energética e disparidades digitais entre os membros do bloco.
* O professor Xiao Youdan, da Academia Chinesa de Ciências, defendeu: “Países do Sul global precisam criar cooperação, com fundos e recursos para que desenvolvam parcerias. Outro ponto é a transferência de tecnologia para países do Sul.”
* Zhao Hai, diretor do Instituto Nacional de Estratégia Global da Academia Chinesa de Ciências Sociais, alertou sobre o risco de países em desenvolvimento se tornarem apenas fornecedores de matérias-primas se não houver cooperação tecnológica.
* A pesquisadora Thelela Ngcetane-Vika destacou as disparidades digitais na África do Sul: “A ausência de igualdade de condições é um problema. Porque se minha avó, em uma aldeia em algum lugar da África do Sul, não tiver acesso a nenhuma forma de tecnologia, apenas ao telefone, isso é um problema.”
A professora Maria Elena Rodriguez, da PUC-Rio, apresentou dados significativos sobre o papel dos Brics na matriz energética global: o bloco representa 74% do consumo global de carbono e 70% da produção. Rodriguez enfatizou a necessidade de uma “política de cooperação concreta” que considere as particularidades de cada país.
Tang Xiaoyang, da Universidade de Tsinghua, ressaltou que a cooperação internacional é fundamental para a China: “O investimento e o comércio chinês com todos os outros países estrangeiros são incentivados pelo governo chinês. O governo chinês entende que não se trata de ajuda, mas sim de cooperação econômica como um negócio.”
O Brics, agora com 11 países-membros permanentes e diversos países-parceiros, realizará sua 17ª Reunião de Cúpula no Rio de Janeiro em julho, sob a presidência do Brasil.