A anta (Tapirus terrestris), considerada extinta na Caatinga desde 2012, foi redescoberta no bioma após três expedições de campo realizadas entre 2023 e 2025. As pesquisas, conduzidas por cientistas da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (Incab), vinculada ao IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, encontraram populações da espécie em áreas que se estendem pelo norte de Minas Gerais, oeste da Bahia e sul do Piauí.
A redescoberta do maior mamífero terrestre do Brasil em seu território ancestral representa um marco significativo para a conservação da espécie. Segundo Patricia Medici, engenheira florestal e coordenadora de pesquisas do IPÊ, a classificação da anta como regionalmente extinta em 2012 foi baseada em evidências limitadas.
* Em 2012, durante workshop do ICMBio para avaliação de ungulados ameaçados, a anta foi considerada extinta na Caatinga devido à ausência de dados confiáveis
* As expedições realizadas documentaram diversos vestígios da presença do animal, incluindo relatos de moradores locais, pegadas, fezes e um registro fotográfico no oeste da Bahia
* O envolvimento das comunidades locais foi fundamental para a pesquisa, especialmente através dos depoimentos de moradores antigos como Maria da Glória de Jesus e João Pereira Leite, que confirmaram a presença contínua das antas na região
Conhecida como “jardineira das florestas”, a anta tem papel crucial na dispersão de sementes e manutenção da biodiversidade. O animal necessita de grandes áreas para sobreviver, cerca de 8 km² (equivalente a 800 campos de futebol), e sua dieta inclui 50% a 60% de frutos.
Atualmente, as populações de antas estão concentradas principalmente na região oeste do bioma, na transição entre a Caatinga e o Cerrado. A caça ilegal e a perda de habitat continuam sendo as principais ameaças à espécie na região, onde menos de 9% do território está sob alguma forma de proteção legal.
A redescoberta das antas na Caatinga destaca a importância da preservação do bioma e da necessidade de maiores investimentos em conservação. Especialistas defendem que é fundamental fomentar ações que auxiliem os agricultores a proteger suas lavouras enquanto conservam áreas nativas, além de gerar alternativas de renda para reduzir a pressão da caça sobre a espécie.