Unicamp revela agrotóxicos na água da chuva de SP

Unicamp revela agrotóxicos na água da chuva de SP

Estudo de dois anos identificou 14 tipos de agrotóxicos na água da chuva em São Paulo, Campinas e Brotas, incluindo substâncias proibidas no Brasil

Um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou a presença de substâncias químicas provenientes de 14 agrotóxicos na água da chuva em três cidades do Estado de São Paulo. A pesquisa, que durou dois anos, identificou componentes de produtos proibidos no Brasil, alguns com potencial cancerígeno.

As amostras foram coletadas nas cidades de São Paulo, Campinas e Brotas, regiões com diferentes características de uso do solo. Entre os compostos encontrados, destacam-se:

* O herbicida atrazina, presente em 100% das amostras analisadas
* O fungicida carbendazim, detectado em 88% do material coletado, mesmo sendo proibido no Brasil
* O herbicida tebuthiuron, identificado pela primeira vez na água da chuva, em 75% das amostras

A professora Cassiana Montagner, pesquisadora da Unicamp que orientou o estudo, explica que os resultados demonstram a amplitude da contaminação por agrotóxicos no estado. “Se beber um copo de água da chuva, ela vai ter resíduos de agrotóxicos, mas não há dano imediato. O dano maior é decorrente da exposição contínua e prolongada a essas concentrações de agrotóxicos tanto pela água de chuva, como pela água da torneira”, afirma.

O estudo, publicado na revista científica Chemosphere, foi realizado pelas pesquisadoras Beatriz Saccaro Ferreira e Mariana Amaral Dias, sob orientação da professora Cassiana. Foram realizadas 19 amostragens em São Paulo, 17 em Campinas e 13 em Brotas, cidade cercada por plantações de cana-de-açúcar.

“Estudar a água de chuva nos traz como se fosse a impressão digital de como está o uso de agrotóxicos numa determinada região. Por ser uma contaminação atmosférica, não exatamente reflete a contaminação de um local específico. Como o material pode ser transportado para outras regiões, podemos pensar em uma contaminação generalizada”, explica Cassiana.

A pesquisa identificou que o herbicida 2,4-D, comum em lavouras de cana-de-açúcar, apresentou a maior concentração na água de Brotas. Este composto teve sua aplicação aérea proibida pela Anvisa em 2023 devido aos riscos à fertilidade humana, embora ainda seja permitido em aplicações por aerosol no solo.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo informou que mantém monitoramento constante sobre o uso de agrotóxicos no estado, realizando fiscalizações em áreas agrícolas. Desde março de 2024, quando a nova legislação paulista entrou em vigor, foram aplicadas 57 multas relacionadas a irregularidades com agrotóxicos.

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