Trabalhamos quase metade do ano para sustentar o Estado — e, muitas vezes, sem o retorno proporcional em serviços públicos de qualidade
Começo este artigo com uma pergunta direta: qual é a sua profissão?
Provavelmente, você respondeu algo como professor, pedreiro, empresário, comerciante, fazendeiro, policial, taxista, secretário… enfim, o ofício que exerce no dia a dia. Mas e se eu lhe dissesse que essa não é a sua principal profissão?
Na verdade, antes de qualquer coisa, você é um funcionário público.
Isso mesmo. Até o final de maio, tudo o que você produziu e recebeu foi para pagar impostos — federais, estaduais e municipais. Você trabalhou para o governo. Só agora, em junho, você começa, de fato, a trabalhar para si mesmo.
Essa realidade escancara o peso da carga tributária no Brasil. Trabalhamos quase metade do ano para sustentar o Estado — e, muitas vezes, sem o retorno proporcional em serviços públicos de qualidade.
E o impacto disso é mais profundo do que parece. A alta carga tributária compromete o poder de compra das famílias, desestimula o empreendedorismo e limita o crescimento econômico. Muitos brasileiros acabam endividados, não por má gestão financeira, mas porque boa parte do seu esforço é drenada silenciosamente pelos impostos. Em vez de investir, poupar ou consumir com liberdade, somos obrigados a sustentar uma estrutura pesada e, em muitos casos, ineficiente. Essa consciência é o primeiro passo para exigir mais responsabilidade dos políticos, que são os administradores dos recursos que todos nós, involuntariamente, ajudamos a arrecadar.
E, como se não bastasse, o atual governo ainda pretende aumentar os impostos. Em vez de cortar privilégios, enxugar a máquina pública ou combater desperdícios, a solução mais fácil parece sempre recair sobre o bolso do contribuinte. Reformas que deveriam simplificar e aliviar a carga tributária se transformam em tentativas de ampliar a arrecadação. Na prática, o cidadão comum, que já carrega o peso do Estado nas costas, é quem continua pagando a conta. É como se o trabalhador fosse punido por produzir, enquanto o governo se exime da responsabilidade de gastar com eficiência.
Portanto, da próxima vez que alguém perguntar qual é a sua profissão, pense bem antes de responder. Porque, querendo ou não, você já foi designado para um cargo não concursado: o de funcionário público involuntário.