Um estudo divulgado por organizações internacionais revela que os planos de expansão da Petrobras podem resultar em prejuízos significativos. A análise indica que a estratégia da estatal de aumentar sua produção de petróleo e gás em mais de 20% até 2030 pode se tornar financeiramente inviável em um cenário de transição climática global.
O relatório “Brasil em uma Encruzilhada: Repensando a Expansão de Petróleo e Gás da Petrobras”, elaborado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), World Benchmarking Alliance (WBA) e WWF-Brasil, apresenta dados preocupantes sobre o futuro da empresa:
* Até 85% da produção planejada pela Petrobras pode resultar em prejuízo caso o mundo cumpra as metas do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C
* A empresa prevê investir US$ 97 bilhões entre 2025 e 2029 em atividades ligadas à produção de petróleo e gás
* Os projetos só se tornariam lucrativos em um cenário climático mais grave, com aumento da temperatura global de pelo menos 2,4°C
Segundo Ricardo Fujii, líder de transição energética do WWF-Brasil e coautor do estudo, a demanda por combustíveis fósseis tende a diminuir nos próximos anos, pressionando os preços para baixo. Uma pesquisa realizada pela Pollfish para o portal Climainfo em 2024 indica que 81% dos brasileiros apoiam que a Petrobras priorize investimentos em fontes de energia renovável.
O estudo destaca que atualmente apenas 15% do orçamento da empresa é destinado à descarbonização de operações e à diversificação energética. Para Joachim Roth, da World Benchmarking Alliance, “é possível preparar a economia para o futuro encerrando novas licenças de petróleo e gás e integrando os planos de transição pública e privada”.
A divulgação do relatório acontece às vésperas de um leilão governamental para novas áreas de exploração, incluindo blocos na foz da Bacia Amazônica, região ambientalmente sensível. O momento coincide com debates globais sobre o futuro da indústria petrolífera e os compromissos assumidos no Acordo de Paris.