A prática comum entre motoristas brasileiros de misturar etanol e gasolina no tanque tem gerado debates sobre sua real eficácia. Especialistas da área automotiva alertam que essa mistura oferece pouco ou nenhum benefício significativo, especialmente em veículos equipados com tecnologia flex.
É importante ressaltar que a gasolina comercializada nos postos brasileiros já contém naturalmente até 27% de etanol anidro, conforme determinação da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
* Os veículos equipados com motor flex possuem sensores que detectam automaticamente a proporção de etanol e gasolina no tanque
* O sistema ajusta a injeção e ignição do motor de acordo com a mistura presente
* Segundo a Bosch, fabricante de sistemas automotivos, o sistema flex dispensa intervenção do motorista e oferece performance otimizada com qualquer proporção
* O etanol possui maior octanagem, proporcionando mais potência ao motor, segundo a AEA
* A gasolina oferece maior autonomia por quilômetro rodado
* A mistura dos combustíveis resulta em desempenho proporcional, sem ganhos adicionais
De acordo com a especialista Luciana Félix, citada pelo portal Terra, a mistura de combustíveis pode até trazer alguma economia imediata no preço, mas não há ganho real em rendimento. A AEA esclarece que o etanol só é economicamente vantajoso quando seu preço for inferior a 70% do valor da gasolina.
Diversos fatores influenciam o consumo de combustível, incluindo manutenção preventiva, calibragem dos pneus, estilo de condução e clima. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) indica que o desempenho do etanol é particularmente sensível à temperatura ambiente.
As principais montadoras, como Fiat, Volkswagen e Chevrolet, orientam que os motoristas sigam as recomendações do manual do proprietário quanto ao tipo de combustível, não incentivando misturas baseadas em percepções pessoais. Algumas marcas recomendam apenas o uso pontual de gasolina para limpeza do sistema.
A tecnologia flex, introduzida no Brasil em 2003, está presente em mais de 80% da frota nacional, com sistemas que detectam automaticamente a mistura de combustíveis e ajustam a queima para reduzir impactos ambientais, independentemente da proporção utilizada.