O Miss Brasil Gay, um dos maiores símbolos de expressão e resistência da comunidade LGBT+ no Brasil, completou 43 anos de história marcada por lutas e conquistas. O evento, que nasceu em 1976 pelas mãos do cabeleireiro Chiquinho Mota durante a ditadura militar, transformou-se de uma simples iniciativa para arrecadar fundos em um dos mais importantes concursos do país.
A história do concurso começou quando Chiquinho Mota organizou um desfile para ajudar financeiramente a escola de samba Juventude Imperial, de Juiz de Fora. O que era inicialmente uma fusão entre carnaval e travestismo artístico evoluiu para um evento profissional e reconhecido nacionalmente.
* Em 2007, o concurso recebeu o título de Patrimônio Imaterial de Juiz de Fora, marcando seu reconhecimento cultural
* A partir de 2008, todas as candidatas passaram a representar concursos estaduais, ampliando a visibilidade do evento
* Estados sem disputa própria, como Paraná, Tocantins, Goiás, Sergipe e Acre, realizam seleções em outras regiões
* O regulamento atual exige não apenas beleza, mas também oratória e compromisso social das candidatas
André Pavam, atual diretor artístico do evento, assumiu a direção em 2006 quando a saúde de Chiquinho se fragilizou. Sob sua gestão, o concurso passou por importantes mudanças, incluindo a limitação de participação das candidatas em no máximo três edições.
“Não basta ser a mais bela do país. É preciso representar uma causa e levar uma mensagem para a comunidade LGBT+ e para o público”, destaca Pavam sobre as novas exigências do concurso.
A edição de 2025, marcada para 23 de agosto no Terrazzo, em Juiz de Fora, enfrenta desafios significativos, principalmente relacionados a investimentos e patrocínios. Segundo Pavam, o evento movimenta 52 setores da economia local, mas ainda encontra resistência do setor privado.
“Todos os anos enfrentamos a mesma batalha por investimento e patrocínio privado. O setor privado fecha os olhos para um evento que movimenta 52 setores da economia local e projeta uma imagem positiva da cidade. Precisamos evitar que esse legado desapareça”, desabafa o diretor artístico.
O Miss Brasil Gay 2025 contará com 27 candidatas, representando todos os estados do país, além de apresentações artísticas. Os apresentadores Ikaro Kadoshi e Sheila Veríssimo comandarão os desfiles em trajes típicos e de gala, mantendo a tradição e o compromisso com a representatividade LGBT+.
“Levamos alegria, beleza e carnaval. Combatemos preconceito através da alegria e da arte e não vamos parar por aqui”, afirma Pavam, reforçando o papel do evento como plataforma de visibilidade e expressão para a comunidade LGBT+.