Vencedora do Grand Pix, campanha da DM9 para a Consul é investigada por Cannes Lions
O Brasil encerra sua participação no Cannes Lions 2025 com um saldo expressivo e um record: 96 Leões, superando a marca de 2024. Foram 4 Grand Prix, 17 Ouros, 33 Pratas e 42 Bronzes, consolidando o país como um dos grandes protagonistas da criatividade global. Mas, como tem sido frequente na história do festival, o brilho das conquistas veio acompanhado de reflexões importantes sobre os rumos da indústria publicitária.
Os grandes destaques: do talento jovem à consolidação de agências
Um dos momentos mais simbólicos veio com a vitória do case “The Noama Paddle”, da Miami Ad School Brasil para Greenpeace, no Future Lions 2025. Combinando tecnologia, design e impacto social, o projeto usou tinta sensível ao mercúrio para alertar comunidades Yanomami sobre contaminação da água. A simplicidade potente da ideia traduz muito do que se espera da nova geração criativa: conexão real com problemas do mundo, uso responsável da tecnologia e propósito claro. A nomeação da rede Miami Ad School como “School of The Year” reforça o protagonismo brasileiro na formação de talentos globais.
Entre as agências, a DM9 assumiu a liderança momentânea do ranking brasileiro, com 1 Grand Prix, 5 Ouros, 7 Pratas e 8 Bronzes, seguida pela Africa Creative e pela Gut. A DM9 brilhou com o case “Plastic Blood”, para a Oka Biotech, e com “Central de Crescimento”, para o iFood. A Africa Creative conquistou Ouro com o criativo “Aluguel Brahma”, enquanto a AlmapBBDO levou Ouro em Creative Strategy com “Pedigree Caramelo”.
A relação completa dos vencedores pode ser conferida no site oficial da premiação.
Agora, a polêmica que exige debate: o caso Consul e os limites da ética
Nem só de prêmios foi feita a participação brasileira. A campanha “Efficient Way to Pay”, da DM9 para a Consul, que inicialmente levou o Grand Prix em Creative Data, acabou envolta em uma polêmica sobre supostas manipulações no videocase apresentado.
As dúvidas giram em torno do uso de trechos de reportagens e palestras desconexos com a realidade do projeto, além de questionamentos sobre a implantação efetiva da ação e a veracidade dos dados.
A organização do Cannes Lions abriu investigação. Ainda é cedo para conclusões definitivas, mas o episódio acendeu um alerta sobre os limites da utilização de recursos audiovisuais e dados em um mundo onde tecnologias como a inteligência artificial podem facilitar a criação de narrativas questionáveis. A indústria criativa global será cada vez mais chamada a debater os princípios éticos diante dessas possibilidades. Momento da DM9 e Consul recebendo o Grand Prix de Creative Data, cobertura da Elisângela Peres – Marcas pelo Mundo
O saldo final: celebração e responsabilidade
Na minha visão, o desempenho do Brasil em Cannes 2025 representa bem o espírito da publicidade contemporânea: uma criatividade vibrante, com jovens talentos preparados para impactar o mundo; agências consolidadas mostrando alto nível de execução e storytelling; mas também, uma necessidade crescente de responsabilidade na apresentação dos resultados e no uso de tecnologia.
Que as conquistas nos inspirem.
E que as polêmicas provoquem mais debates e as reflexões necessárias para que sigamos construindo uma indústria publicitária que brilhe pelo seu talento e também pela sua integridade.
Vamos refletir?
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