A greve dos auditores da Receita Federal tem causado impactos significativos na arrecadação da União e no comércio exterior brasileiro. A paralisação, que já completou 200 dias, resultou em prejuízos estimados em R$ 19 bilhões, conforme dados da Fecomercio/SP, mesmo após ordem de suspensão emitida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O movimento grevista, iniciado em novembro de 2024, tem gerado consequências graves para diversos setores da economia:
* Mais de 100 mil encomendas e 270 toneladas de mercadorias encontram-se retidas nas alfândegas do país, com liberação restrita apenas a medicamentos, perecíveis e animais.
* Segundo a Abraec, “os setores farmacêutico e tecnológico relataram perdas irreversíveis”, afetando especialmente pequenas e médias empresas, que representam 30% do PIB nacional.
* O impacto na Zona Franca de Manaus foi destacado pelo deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), que afirmou: “Na Zona Franca de Manaus (ZFM), temos linhas que estão paradas por falta do produto devido a essa greve”.
A situação chegou ao Congresso Nacional, onde parlamentares questionam o monopólio da Receita Federal nas alfândegas. A Frente Parlamentar do Livre Mercado (FPLM) tem demonstrado insatisfação com a condução das negociações pelo governo federal e defende a revisão da exclusividade do órgão no controle aduaneiro.
Os auditores reivindicam reajuste salarial, alegando que a última atualização significativa ocorreu há nove anos. O Sindifisco informou que “o último acordo salarial de recomposição de perdas ocorreu em 2016, e referiu-se à inflação acumulada até dezembro de 2015”.
Como tentativa de avanço nas negociações, a Receita Federal publicou a Portaria RFB nº 548/2025, estabelecendo um Grupo de Estudo Nacional de Cunho Estratégico para regulamentar o ressarcimento de despesas com planos de saúde para os auditores e familiares, uma das pautas secundárias do movimento.
A paralisação continua impactando severamente o comércio exterior brasileiro, mesmo após recomendação do sindicato para retorno às atividades, visando evitar multas determinadas pelo STJ.