A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) está no centro de uma polêmica após o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) e a transferência dos serviços para o Hospital João XXIII. Durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), servidores denunciaram problemas de sobrecarga e precarização do trabalho.
De acordo com Paulo Sérgio Mendes César, assessor da presidência da Fhemig, o fechamento do bloco cirúrgico do HMAL foi necessário devido a problemas técnicos com os arcos cirúrgicos. A fundação argumenta que a centralização dos serviços trouxe benefícios operacionais:
* A produção cirúrgica entre janeiro e fevereiro de 2025 atingiu 1.927 procedimentos no Hospital João XXIII, superando as 1.891 cirurgias realizadas no mesmo período de 2024
* O HMAL será destinado ao consórcio público ICISMEP para realização de cirurgias eletivas, com meta de 500 procedimentos mensais
* A unificação das equipes permitiu, segundo a Fhemig, maior escala e otimização dos serviços
Parlamentares e profissionais de saúde contestam a versão apresentada pela fundação. O deputado Lucas Lasmar (Rede) apontou uma queda de 35% no número de cirurgias, comparando julho do ano anterior (1.350 cirurgias) com abril deste ano (1.001 cirurgias). Ele também denunciou um déficit de 200 profissionais no João XXIII.
A Fhemig reconheceu alguns problemas, como a sobrecarga temporária no João XXIII e a baixa adesão de profissionais, especialmente anestesistas – das 80 vagas ofertadas, apenas 5 foram preenchidas. A fundação argumenta que o HMAL já operava abaixo da capacidade antes do fechamento do bloco, com 39 dos 60 leitos ortopédicos em funcionamento.
Diante das respostas insatisfatórias, o deputado Lucas Lasmar anunciou que irá solicitar a convocação da presidenta da Fhemig e do secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, para prestarem esclarecimentos adicionais em nova audiência.