O Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, principal premiação do setor publicitário global, anunciou a retirada dos troféus concedidos à agência brasileira DM9 na edição de 2023. A decisão foi tomada após a descoberta de conteúdo manipulado e gerado por inteligência artificial em campanhas premiadas.
A controvérsia começou com o videocase da campanha “Efficient way to pay”, desenvolvida para a Consul, que havia conquistado um Leão de Bronze na categoria Creative Commerce e um Grand Prix em Creative Data. A organização identificou irregularidades no material apresentado.
Principais desdobramentos do caso:
* A organização do Cannes Lions constatou que o conteúdo gerado por IA foi utilizado para simular eventos da vida real e desempenhos de campanha, apresentando informações imprecisas ao júri durante as deliberações.
* Em resposta à situação, a DM9 optou por retirar voluntariamente as inscrições de outros dois cases: a campanha “Plastic blood” para a OKA Biotech e “Gold=death” para a Urihi Yanomami.
* Como consequência direta, a agência afastou Icaro Doria, ex-copresidente, CCO e líder da produção dos cases, sendo apontado como “responsável direto pelas falhas”.
O impacto para o Brasil foi significativo, resultando na perda total de 12 Leões – incluindo os dois retirados diretamente pelo festival do case “Efficient way to pay”. Com isso, o país viu sua contagem total de prêmios reduzir de 107 para 95 Leões.
Em comunicado oficial, o Cannes Lions reforçou seu compromisso com a criatividade autêntica: “O Cannes Lions existe para celebrar a criatividade real, representativa e responsável”, destacando que o uso de IA para manipulação de resultados vai contra as regras de representação factual do festival.