O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), relatou momentos de tensão com o exército israelense durante sua participação em uma comitiva de autoridades brasileiras que ficou retida em Israel. O grupo de 40 pessoas, incluindo governadores, prefeitos e secretários municipais, viajou ao país em 8 de junho a convite do governo israelense, sendo surpreendido por ataques militares no dia 12.
Durante uma palestra no dia 15 de junho, Damião confrontou um porta-voz brasileiro do Ministério da Defesa israelense, Rafael Rozenszajn, questionando: “Vocês sabiam que essa guerra ia acontecer e, mesmo assim, trouxeram a gente para cá?”
Pontos principais do evento:
* O porta-voz israelense solicitou que as autoridades brasileiras atuassem como “embaixadores da verdade” ao retornarem ao Brasil, defendendo a versão do governo israelense sobre os conflitos no Oriente Médio.
* Rafael Rozenszajn criticou a imprensa brasileira, afirmando que ela publica “narrativas enganosas” contra Israel e favorece versões do Hamas e do Irã.
* Damião relatou que esperava uma reunião sobre o retorno seguro ao Brasil, mas encontrou uma palestra com propaganda pró-Israel, levando-o a deixar o local em protesto.
A viagem foi integralmente custeada pela Mashav, agência israelense de cooperação internacional, com foco inicial em tecnologias de segurança urbana. O grupo visitou “municípios inteligentes” e conheceu programas de segurança, incluindo o “Cidade Sem Violência”.
A comitiva era composta majoritariamente por prefeitos de direita ou extrema direita, incluindo Cícero Lucena (PP) de João Pessoa e Jhonny Maycon (PL) de Nova Friburgo. O Itamaraty informou que o grupo viajou contrariando orientações da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, que desde outubro de 2023 desaconselha viagens não essenciais a Israel.
Damião defendeu que aceitou o convite para conhecer tecnologias de monitoramento israelenses, visando sua possível implementação em Belo Horizonte, similar ao sistema SmartSampa utilizado em São Paulo.