Servidores do INSS enfrentaram graves ameaças após tentarem descredenciar associações que realizavam descontos irregulares em benefícios previdenciários. Segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, as intimidações começaram em 2020 e incluíam mensagens direcionadas não apenas aos funcionários, mas também a seus familiares.
O caso revelou um esquema complexo de fraudes que afetou aproximadamente 9 milhões de beneficiários do INSS, que tiveram descontos ilegais em seus pagamentos através de cobranças de “mensalidades associativas”.
* As intimidações iniciaram após os servidores do INSS começarem o processo de combate às fraudes, com mensagens como “Estamos de olho” sendo enviadas aos celulares dos funcionários
* Em casos mais graves, familiares foram envolvidos nas ameaças. Uma mensagem solicitava o endereço de um servidor para “fazer uma surpresa” à sua mãe, enquanto em outro incidente, o intimidador demonstrou conhecer detalhes pessoais, incluindo o modelo do carro da mãe de outro funcionário
* Os servidores registraram ocorrência na Polícia Federal, resultando na abertura de dois inquéritos que foram posteriormente transferidos para a unidade da PF no Paraná, devido à origem das ameaças
A investigação conduzida pela Polícia Federal e CGU revelou um esquema massivo de fraudes:
* As cobranças irregulares eram realizadas sem autorização prévia dos beneficiários
* Em uma amostra de 1.300 pessoas contatadas, 97% afirmaram não ter autorizado os descontos
* Foram identificadas falsificações de assinaturas de aposentados e pensionistas
* Três acordos foram encerrados e dois foram suspensos após processos administrativos
Apesar da gravidade do caso, os inquéritos foram encerrados após três anos sem identificar os responsáveis pelas ameaças. A reportagem destacou que a Polícia Federal não convocou representantes das associações para prestar esclarecimentos, nem realizou investigações aprofundadas no INSS ou nas entidades envolvidas.
Os servidores do INSS, em suas denúncias, relacionaram diretamente as ameaças ao trabalho de fiscalização e cancelamento dos acordos irregulares, que impactavam significativamente o repasse financeiro das entidades envolvidas.