O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontram-se em lados opostos quanto às mudanças propostas na tabela do Imposto de Renda. A principal divergência está relacionada à proposta de isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
A proposta original do governo estabelece a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas com rendimentos até R$ 5 mil mensais e redução da alíquota para aqueles que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Para compensar a perda de arrecadação, estimada em R$ 20,5 bilhões em 2026, o governo propõe aumentar a tributação de quem recebe mais de R$ 50 mil mensais.
Pontos principais da divergência:
* Lira, como relator da matéria, pretende revisar completamente a tabela do Imposto de Renda, mantendo a isenção mas alterando a progressividade para todas as faixas
* A equipe econômica se opõe à proposta de Lira por considerar que ela diluiria a compensação necessária nas camadas intermediárias dos contribuintes
* O projeto governamental prevê alíquotas crescentes para rendas superiores a R$ 600 mil anuais, chegando a 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano
* Para o Ministério da Fazenda, as alterações sugeridas por Lira prejudicariam a classe média e beneficiariam os mais ricos, além de descaracterizar o objetivo principal da isenção para as camadas mais pobres
Fernando Haddad, em entrevista recente ao UOL, reconheceu Lira como um “negociador duro”, mas destacou que há espaço para diálogo: “É um negociador duro, que pensa diferente, mas que quando é exposto a um conjunto de dados, senta e negocia. E, quando faz um acordo, cumpre”.
O timing da votação é um ponto positivo para o governo. Lira estabeleceu um cronograma que prevê a conclusão do relatório até 27 de junho na comissão especial, com a tramitação completa na Câmara até 16 de julho.
A deputada Adriana Ventura (Novo-PR), autora da proposta original, considera a reforma enviada pelo governo “capenga” e defende um texto mais “estruturante”. Em um ano eleitoral, as mudanças na tributação da classe média podem impactar significativamente a popularidade do governo entre esses setores da sociedade.