Um pastor de uma igreja evangélica localizada no Bairro Jardim Vitória, região Nordeste de Belo Horizonte, foi indiciado por múltiplos crimes sexuais, incluindo assédio sexual e estupro. Sete mulheres apresentaram denúncias à Polícia Civil no final de abril deste ano, revelando um histórico perturbador de abusos.
Segundo as investigações conduzidas pelas delegadas Juliana Califf e Larissa Mascotte, a maioria dos crimes ocorreu dentro das dependências da igreja, antes ou depois das celebrações religiosas. “Durante os atos, ele citava versículos bíblicos e coagia as vítimas, dizendo que elas seriam amaldiçoadas. Ele afirmava ser um mandado de Deus durante os atos”, relatou a delegada Larissa.
O pastor foi indiciado por:
* Seis casos de estupro
* Cinco casos de violação sexual mediante fraude
* Dois casos de importunação sexual
A soma das penas pelos crimes pode ultrapassar 100 anos. Durante as investigações, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva do suspeito, mas o pedido foi negado. Quando intimado durante o inquérito, o acusado, por meio de seu advogado, alegou estar doente e optou por permanecer em silêncio.
Uma das vítimas, hoje com 35 anos, relatou que os abusos começaram em 2006, quando tinha 26 anos. Em seu depoimento, ela descreveu que foi manipulada pelo pastor, que se aproveitou de sua inexperiência religiosa. “Eu nunca tinha tido nenhuma experiência com Deus antes, para mim era tudo muito novo. Quando uma pessoa é recém-convertida e o pastor fala que o vermelho é verde, a gente acredita”, declarou a vítima.
A delegada Larissa também destacou que o pastor utilizava táticas de manipulação, colocando uma vítima contra a outra para evitar denúncias. “Ele descredibilizava as vítimas e falava mal delas dentro da igreja”, explicou.
De acordo com o relato detalhado de uma das vítimas, o pastor a levou para cômodos acima do templo, onde ocorreu o estupro. Após o crime, ele ainda a conduziu a uma farmácia e a forçou a tomar medicamentos. “Quando ele concluiu, ele disse que eu menti para ele, dizendo que era virgem. Na época, eu ainda fiquei tentando justificar, como se eu estivesse errada. Hoje, eu tenho raiva disso e entendo a maldade que ele fez comigo”, desabafou a vítima.
O caso evidencia um grave abuso de poder e confiança dentro do ambiente religioso, onde o pastor utilizava sua posição de autoridade espiritual para cometer os crimes.