A Polícia Federal (PF) realizou uma operação inédita em São Paulo nesta terça-feira, 13 de maio, que resultou na prisão de quatro pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa especializada na produção e distribuição de entorpecentes à base de nitazeno. Esta droga, considerada mais potente que o fentanil e a heroína, foi identificada pela primeira vez no país.
A investigação teve início após a primeira apreensão da substância em dezembro do ano passado, quando a PF descobriu um laboratório clandestino em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. O local era utilizado para a fabricação de drogas sintéticas, conhecidas como “drogas K”.
* A PF cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão em diversos endereços na cidade de São Paulo
* Os suspeitos, que não tiveram suas identidades reveladas, podem responder por tráfico transnacional de drogas e organização criminosa
* As análises do material apreendido no laboratório clandestino confirmaram a presença do nitazeno, uma substância química de alto poder psicotrópico importada ilegalmente
Em janeiro deste ano, o Departamento de Polícia Federal solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a inclusão do nitazeno na lista de substâncias entorpecentes proscritas, pedido que foi aprovado.
Daniel Meirelles Fernandes Pereira, diretor da Anvisa e relator do pedido, destacou em seu voto que os “nitazenos” possuem potencial analgésico, mas podem causar depressão respiratória com alto risco de abuso e toxicidade, não tendo uso terapêutico aprovado.
A substância pode proporcionar efeitos semelhantes aos opioides, como morfina e fentanil, porém com potência muito superior. “Isso significa que doses substancialmente menores são necessárias para atingir os efeitos desejados pelos usuários o que aumenta o risco de overdose acidental”, explicou o diretor em seu voto.
A inclusão do nitazeno na lista de substâncias proscritas tem impacto direto no direito penal, pois a substância passa a ser oficialmente considerada droga entorpecente de uso proibido no país.