Marcilio Alves: ‘Lady Gaga: a força de uma marca no Rio de Janeiro’

Marcilio Alves: ‘Lady Gaga: a força de uma marca no Rio de Janeiro’

Na minha experiência com marcas, poucas figuras públicas atuais sintetizam tão bem o poder do branding quanto Lady Gaga

Neste sábado (3), a cantora Lady Gaga fará um show gratuito na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro — sem necessidade de ingresso. A expectativa é de reunir mais de 1,6 milhão de pessoas. Mas o megaevento não vai movimentar apenas a areia e o coração dos fãs: vai sacudir a economia e, principalmente, revelar mais uma vez o poder de uma marca que transcende a música.

Segundo a prefeitura, o impacto econômico estimado gira em torno de 600 milhões de reais. A TV Globo, que fará a transmissão oficial, vendeu todas as oito cotas de patrocínio. Entre os parceiros másters estão Corona, Santander, 99, C&A e Zé Delivery — cada um investindo cerca de 9,5 milhões de reais. Absolut, Deezer e Dove também garantiram presença com ativações digitais. Ao todo, o orçamento do evento vem 90% da iniciativa privada e apenas 10% de companhias públicas, como o próprio Estado do Rio de Janeiro.

Na minha experiência com marcas, poucas figuras públicas atuais sintetizam tão bem o poder do branding quanto Lady Gaga. Não apenas por seu talento multifacetado, mas pela maneira como ela domina a arte da reinvenção sem perder sua essência. Stefani Joanne Angelina Germanotta — o nome por trás da personagem — construiu algo maior que uma carreira: ela criou uma marca viva, emocionalmente conectada e estrategicamente posicionada.

Mas afinal: de onde vem essa força? O que torna uma marca capaz de gerar tanto desejo, engajamento e milhões em investimentos? Vamos percorrer alguns pilares que sustentam a marca Lady Gaga — uma marca que não apenas canta, mas inspira, conecta e transforma.

Muito além do palco: Gaga como case de branding

Lady Gaga não é apenas uma artista. Ela é um ecossistema de valores, símbolos e narrativas que transcendem a música. Seu estilo ousado, seu ativismo, sua presença digital, seus fracassos e retomadas — tudo comunica. E comunicar com clareza, consistência e propósito é a essência de qualquer marca forte.

Desde o início, Gaga se recusou a seguir fórmulas. Enquanto outros buscavam aceitação, ela apostava na autenticidade — mesmo quando isso significava enfrentar rejeições de gravadoras ou críticas à sua aparência. Foi essa postura que a diferenciou e atraiu uma legião de fãs que se viram representados em sua vulnerabilidade e coragem.

O poder da reinvenção estratégica

Marcas duradouras sabem quando mudar. E Lady Gaga domina esse jogo. Do pop provocador de The Fame à atuação premiada em Nasce Uma Estrela, passando pelo jazz com Tony Bennett ou o lançamento da sua própria linha de beleza inclusiva (Haus Labs), ela provou que adaptação não significa perda de identidade. Pelo contrário, cada movimento reforça sua narrativa de liberdade criativa, empatia e ousadia.

Na minha visão, esse é o tipo de posicionamento que toda marca deveria buscar: ser fiel a um propósito, mas flexível na forma de expressá-lo.

Gaga e o impacto cultural como ativo de marca

Uma marca forte não se limita a gerar valor econômico — ela move cultura. Lady Gaga se tornou um ícone da diversidade e da saúde mental, criando pontes entre arte, inclusão e transformação social. Sua fundação Born This Way é exemplo disso: uma extensão genuína da sua essência, que fortalece seu branding ao impactar positivamente a sociedade.

Por isso, quando ela se associa a grandes marcas como Tiffany & Co., Versace, Oreos ou Amazon, não se trata de uma simples campanha publicitária. É co-branding com propósito. É valor simbólico que se soma.

O que as marcas podem aprender com Lady Gaga?

  1. Autenticidade vende — mas só quando é real.
  2. Relevância exige reinvenção — sem medo de arriscar.
  3. Valores importam — marcas com propósito conquistam lealdade.
  4. Narrativa é tudo — Gaga não vende produtos, ela conta histórias.
  5. Cultura é território de marca — seja moda, tecnologia ou saúde mental, Gaga está lá porque construiu capital simbólico para isso.

Uma marca que inspira, conecta e transforma

Lady Gaga não apenas se adaptou ao novo mundo da cultura pop e do marketing — ela ajudou a moldá-lo. E, como estrategista de marcas, acredito que esse é o maior ativo que uma marca pode ter: a capacidade de ser desejada hoje, admirada amanhã e lembrada para sempre.

No fim das contas, Gaga nos mostra que branding eficaz não é sobre estética ou slogans, mas sobre relevância emocional, coerência de valores e coragem de ser quem se é — em todos os palcos da vida.

Vamos refletir?

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Marcilio Alves
Consultor de marketing e comunicação com mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de marcas, com atuação em negócios locais e no exterior. No Brasil, está à frente da NDG, agência de Branding que há mais de 15 anos impulsiona negócios e projetos, conectando marcas e pessoas, gerando resultados em diversos segmentos, com clientes no Brasil, Portugal, Angola e Estados Unidos.

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