O papa Leão XIV realizou sua primeira audiência com os membros da Cúria romana, o governo da Igreja Católica, neste sábado (24), marcando um momento significativo em seu pontificado. Durante o encontro, o pontífice americano-peruano enfatizou a importância da construção de pontes e a promoção do diálogo, estabelecendo um tom diferente de seu antecessor.
Em seu discurso na grande sala Paulo VI do Vaticano, Leão XIV destacou a permanência da Cúria em contraste com a transitoriedade dos papas, declarando: “Os papas passam, a Cúria permanece”. O novo líder da Igreja Católica aproveitou a oportunidade para expressar gratidão pelo trabalho do corpo governamental.
O pontífice reiterou seu compromisso com uma “Igreja que constrói pontes, sempre aberta a acolher […] de braços abertos todos, todos que precisam da nossa caridade, presença, diálogo e amor”, palavras que já havia pronunciado em sua primeira aparição na basílica de São Pedro em 8 de maio.
Leão XIV enfatizou a importância da unidade no ambiente de trabalho, sugerindo que “todos podem ser construtores da unidade com suas atitudes em relação aos colegas, superando os inevitáveis mal-entendidos com paciência e humildade”. O papa também destacou a importância do humor nas relações de trabalho, fazendo referência aos ensinamentos do papa Francisco.
Esta abordagem contrasta com a relação por vezes tensa que seu antecessor, Francisco, manteve com a Cúria. Francisco havia anteriormente criticado funcionários do Vaticano, acusando-os de terem “Alzheimer espiritual” e sede de poder. Suas reformas, embora significativas, geraram resistência, com alguns o considerando demasiadamente autoritário.
Vale ressaltar que Leão XIV traz consigo uma experiência única, tendo passado duas décadas trabalhando no Peru, país do qual obteve nacionalidade, e mais recentemente dirigindo o departamento do Vaticano responsável pela nomeação de bispos em todo o mundo. Sua perspectiva sobre a administração da Igreja se mostra relevante em um momento em que o Vaticano enfrenta desafios internos, incluindo uma greve sem precedentes de funcionários dos Museus Vaticanos em 2024.