O treinador português é, com sobras, a melhor contratação do Maior de Minas no primeiro ano da gestão Pedrinho
No dia 29 de abril, a gestão de Pedro Lourenço completou oficialmente um ano à frente do futebol do Cruzeiro. Um ciclo curto, mas já repleto de altos e baixos, decisões polêmicas, contratações duvidosas — e, felizmente, um acerto de peso: Leonardo Jardim.
É importante reconhecer: a estrutura do clube evoluiu. Hoje, o Cruzeiro tem novamente um padrão de excelência em seu centro de treinamento, os funcionários contam com boas condições de trabalho, e há profissionalismo fora de campo. Mas quando a bola rola, a história tem sido outra. A verdade é que a SAF ainda patinou demais na montagem do elenco. Foram muitos nomes, pouco critério, pouco retorno técnico. A folha cresceu, a produtividade despencou.
Mas aí veio Leonardo Jardim. E com ele, futebol de verdade. O treinador português é, sem dúvida, a melhor decisão tomada pela atual gestão. Com coragem, organização e convicção, ele começou a colocar ordem no caos. Não teve medo de barrar medalhões caros que não rendem. Montou um time mais compacto, com ideias claras, e com a postura que há muito não se via no Cruzeiro.
E isso diz muito sobre quem ele é — e o que representa.
O futebol brasileiro se perdeu quando passou a transformar dirigentes em estrelas. Clubes onde o departamento de futebol manda mais que o treinador tendem ao fracasso. A lógica deve ser o oposto: o técnico comanda, o departamento executa. O treinador precisa ser o centro da tomada de decisões. Com Leonardo Jardim, o Cruzeiro voltou a seguir essa cartilha — e a diferença é visível. Basta ver como ele tem autonomia para escolher quem joga, quem sai, quem merece oportunidade.
A fala recente de Jardim sobre o Cruzeiro “não ganhar os combates” é reveladora. O elenco atual sofre fisicamente, e o treinador já deve estar ciente de onde precisa mexer: volantes mais vigorosos, pontas que levem vantagem no mano a mano. Lucas Silva e Romero, por exemplo, têm história, mas não sustentam a intensidade que a Série A exige. Walace, infelizmente, não vingou. E o ataque carece de profundidade.
Não duvidaria de ver Jardim pedindo dois volantes e dois pontas na próxima janela. E vai estar certo.
Outro ponto crítico é a preparação física, que em 2025 beira o inexplicável. Depois de 40 dias sem jogos, o time voltou com vários atletas sem conseguir atuar dois jogos seguidos. Isso é planejamento malfeito. Jardim deve estar horrorizado com o que encontrou. A pré-temporada foi mal executada, os treinos não estão refletindo em desempenho e a parte atlética do time simplesmente não acompanha o ritmo do campeonato.
A situação do Dudu, por exemplo, é simbólica. Um jogador importante, com alto investimento, mas com desempenho irregular e histórico físico preocupante. Está cada vez mais claro que o Cruzeiro só precisava de um jogador para recuperar: Gabigol. Jovem, com mercado, e com potencial técnico ainda a explorar. Os recursos que foram usados para trazer outros atletas em situação parecida, ou até pior, poderiam ter sido investidos de forma mais inteligente.
E aqui, entra a responsabilidade direta de Alexandre Mattos e, sim, de Pedro Lourenço. Mattos tem a caneta na mão, mas Pedrinho tem a palavra final. Ou a inicial ao indicar um novo jogador. E talvez, agora que começou a sentir no bolso o efeito das escolhas erradas, comece a cobrar mais critério. Porque é ele quem banca, mas também é ele quem precisa exigir um projeto mais profissional e menos passional.
No fim das contas, o cenário ainda exige ajustes — e muitos. Mas é reconfortante saber que o comando técnico está em boas mãos. Leonardo Jardim é treinador de verdade. Trabalha com ideias, princípios e coragem. Num clube que por anos se acostumou ao improviso e à bagunça, ele representa a retomada de um caminho.
Se o Cruzeiro souber proteger e empoderar esse profissional, os erros tendem a diminuir. Porque com Jardim no banco, o futebol volta a fazer sentido.
E isso, neste um ano de SAF, é a melhor notícia que o torcedor poderia ter.