Ex-diretor da Abin relata resistência para investigar software espião

Ex-diretor da Abin relata resistência para investigar software espião

Ex-diretor Carlos Afonso Coelho relata resistência dos gestores do sistema de espionagem FirstMile durante fiscalização na Abin

O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Carlos Afonso Coelho, revelou durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) que houve resistência significativa por parte dos responsáveis pelo sistema FirstMile quando tentou realizar uma fiscalização do programa de espionagem.

Durante seu depoimento como testemunha de defesa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), Coelho destacou que o clima tenso culminou em um confronto direto com o ex-secretário Paulo Maurício Fortunato, que teria reagido de forma “agressiva” aos questionamentos sobre a utilização da ferramenta.

Principais pontos do depoimento:

* A fiscalização iniciada por Coelho abrangia todas as ferramentas tecnológicas da Abin, mas encontrou obstáculos específicos com os gestores do FirstMile

* O gestor do contrato demonstrou desconforto em fornecer informações sobre a regularidade da ferramenta, recusando-se a atestar o que havia sido solicitado

* Paulo Maurício Fortunato, então diretor do Departamento de Operação de Inteligência, reagiu de forma hostil, alegando que Coelho não deveria interferir em assuntos da atividade-fim

* Após os conflitos, o caso foi encaminhado à direção-adjunta e posteriormente à corregedoria da agência por determinação de Ramagem

O sistema FirstMile, de origem israelense, foi utilizado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para monitorar a localização de pessoas através da conexão de dados de celulares. A utilização do programa foi revelada pelo jornal O GLOBO em 2023 e está sob investigação da Polícia Federal na Operação Última Milha.

Antes do início da audiência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou a participação de Coelho como testemunha, argumentando que sua condição de investigado no caso da Abin paralela poderia violar seu direito à não autoincriminação. O ministro Alexandre de Moraes permitiu seu depoimento na condição de “informante do juízo”, sem compromisso com a verdade sobre fatos pelos quais é investigado.

O caso continua sob investigação da Polícia Federal, com Coelho e Fortunato sendo investigados por possíveis irregularidades no uso do sistema FirstMile.

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