O governo dos Estados Unidos está oferecendo uma recompensa milionária por informações sobre as operações financeiras do Hezbollah na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. A iniciativa busca combater as atividades ilícitas do grupo libanês na área, que incluem diversos tipos de crimes financeiros e contrabando.
O programa Rewards for Justice (RFJ) do Departamento de Estado americano está disposto a pagar até US$ 10 milhões por informações relevantes sobre as operações do grupo. Segundo as autoridades americanas, o Hezbollah desenvolve várias atividades ilegais na região:
* O grupo realiza operações de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e falsificação de dólares americanos, além de contrabando de diversos produtos como diamantes, carvão, cigarros e petróleo
* Membros do Hezbollah também atuam em negócios aparentemente legítimos, como construção civil, comércio internacional e mercado imobiliário
* As redes do grupo na região geram milhões de dólares em receitas, que são posteriormente transferidas para o Oriente Médio
A presença do Hezbollah na região tem histórico de décadas e já motivou diversas operações das autoridades. Em 2023, a Polícia Federal brasileira realizou a Operação Trapiche, que resultou na prisão de suspeitos de integrar o grupo e planejar ataques contra a comunidade judaica no Brasil.
O caso mais emblemático envolveu Assad Ahmad Barakat, considerado o “tesoureiro do Hezbollah”, preso em 2018 em Foz do Iguaçu. Segundo investigações, ele teria lavado aproximadamente US$ 10 milhões para o grupo através de cassinos na região fronteiriça.
Um ponto de especial preocupação para as autoridades é a possível conexão entre o Hezbollah e facções criminosas brasileiras, especialmente o PCC. Investigações da Polícia Federal apontam evidências dessa parceria, principalmente relacionada ao uso de rotas de tráfico de drogas controladas pela organização criminosa.
A região da Tríplice Fronteira é considerada estratégica para o grupo devido à proximidade entre os centros urbanos de Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazu (Argentina), além das vulnerabilidades das instituições públicas locais que facilitam atividades ilícitas.