Discriminação racial atinge 84% da população preta, mostra pesquisa

Discriminação racial atinge 84% da população preta, mostra pesquisa

Pesquisa apoiada pelo Ministério da Igualdade Racial revela que pessoas pretas enfrentam preconceito em diversas situações cotidianas

Uma nova pesquisa apoiada pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) revelou dados alarmantes sobre discriminação racial no Brasil. O estudo, divulgado nesta terça-feira (20), indica que 84% das pessoas pretas relatam já ter sofrido algum tipo de discriminação racial, evidenciando a persistência do racismo estrutural na sociedade brasileira.

A pesquisa, conduzida pelas organizações Vital Strategies Brasil e Umane, coletou informações de 2.458 pessoas entre agosto e setembro de 2024, através de questionários online que avaliaram diferentes aspectos da discriminação cotidiana.

Principais Dados da Discriminação

* 51,2% da população preta relata ser tratada com menos gentileza, em comparação com 44,9% dos pardos e 13,9% dos brancos
* Entre as pessoas pretas, 84% afirmam que a discriminação está relacionada à cor da pele, enquanto esse percentual é de apenas 8,3% entre brancos e 10,8% entre pardos
* As mulheres pretas são as mais afetadas por discriminações múltiplas, com 72% relatando ter sofrido mais de um tipo de preconceito, seguidas pelos homens pretos com 62,1%

Impactos na Saúde e Sociedade

Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies Brasil, destaca que os resultados evidenciam a “brutal desigualdade racial que existe no Brasil”. Segundo ele, a discriminação impacta diversos aspectos da vida, incluindo “saúde mental, acesso a serviços, acesso ao emprego, bem-estar e autoestima”.

O estudo também revelou disparidades significativas no sistema de saúde, onde mulheres negras enfrentam mais violência obstétrica e têm menor acesso a medicamentos e tratamentos adequados em comparação com mulheres brancas.

A pesquisa se soma a outros indicadores preocupantes sobre desigualdade racial no país. O Atlas da Violência recentemente divulgado mostra que pessoas negras têm 2,7 vezes mais risco de serem vítimas de homicídio. Além disso, o Censo 2022 identificou que pretos e pardos representam 72,9% dos moradores de favelas, e dados do IBGE apontam maiores taxas de desemprego entre pretos (8,4%) e pardos (8%) em comparação com brancos (5,6%).

Evelyn Santos, gerente de Investimento e Impacto Social da Umane, ressalta que “esse estudo foi a primeira aplicação da escala de discriminação cotidiana com abrangência nacional, feita no Brasil”, estabelecendo um importante marco para futuras políticas públicas de combate ao racismo.

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