Em Campinas, uma média mensal de 54 crianças são registradas nos cartórios sem o nome do pai nas certidões de nascimento, conforme dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP). Isso representa aproximadamente 650 crianças por ano que recebem apenas o registro materno.
O levantamento revela um aumento significativo de 8,3% nos casos entre 2020 e 2024, com o número de registros sem reconhecimento paterno subindo de 637 para 690. Nos primeiros cinco meses de 2024, já foram contabilizados 240 casos de registros sem a presença paterna.
Em todo o estado de São Paulo, observa-se uma tendência paralela com o aumento de 15,76% nos registros de dupla maternidade. O número de recém-nascidos registrados com duas mães evoluiu de 1.167 em 2020 para 1.351 em 2024, com 379 casos já registrados em 2025.
Lorena (nome fictício), arquiteta de 41 anos, compartilha sua experiência como mãe solo há três anos: “Sou uma mãe solo, “solíssima”, eu costumo dizer, porque eu fico com ele o tempo inteiro. Todas as despesas são minhas. O estresse da maternidade não é compartilhado, e a responsabilidade de criar uma criança é só minha”.
A analista administrativa Flávia Justino da Silva, 36 anos, traz outra perspectiva ao relatar sua própria experiência crescendo sem pai: “Na minha cabeça, o meu pai sempre foi o meu avô. Quando era criança, eu conheci essa pessoa [genitor], porém não houve nenhum interesse”. Ela ressalta que “Fui criada por uma mãe que sempre cumpriu muito bem as duas funções”.
A realidade da maternidade solo em Campinas reflete um fenômeno social mais amplo, evidenciando tanto os desafios enfrentados por essas mães quanto a evolução das estruturas familiares tradicionais. Os números e relatos demonstram a necessidade de maior atenção e suporte a essas famílias monoparentais.