ANP enfrenta ações judiciais contra leilão de petróleo

ANP enfrenta ações judiciais contra leilão de petróleo

Instituto Arayara questiona oferta de 118 blocos em leilão da ANP previsto para junho, após recomendação do MPF para cancelamento do certame

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) enfrenta nova contestação judicial relacionada ao seu próximo leilão de áreas petrolíferas. O Instituto Arayara, organização não governamental com sede no Paraná, protocolou cinco ações civis públicas questionando a oferta de 118 dos 172 blocos incluídos no certame, representando 68% do total previsto para o 5° ciclo da oferta permanente de concessão, programado para 17 de junho.

A movimentação judicial ocorre logo após o Ministério Público Federal (MPF) recomendar o cancelamento do leilão ou a exclusão de 47 blocos. A ANP, quando consultada, informou que ainda não recebeu notificação oficial sobre as ações judiciais e, portanto, não se pronunciou sobre o assunto.

Principais Questionamentos

* O argumento central do Instituto Arayara, presente em três das cinco ações, refere-se ao prazo das manifestações conjuntas dos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia. Estes documentos, que autorizam a licitação de 117 blocos contestados, expiram em 18 de junho, um dia após o leilão, mas ainda durante o processo licitatório, cuja conclusão com assinatura dos contratos está prevista apenas para novembro.

* As ações apontam que as manifestações ministeriais se baseiam em estudos considerados obsoletos ou incompletos, alguns com mais de duas décadas.

* Na Bacia do Parecis, em Mato Grosso, há questionamentos sobre a sobreposição de blocos com seis áreas indígenas e unidades de conservação, além da ausência de consulta às comunidades indígenas afetadas.

* No Rio Grande do Norte, a ação questiona blocos da Bacia Potiguar próximos a Fernando de Noronha, considerados ambientalmente sensíveis.

* A ação no Distrito Federal critica a ausência de projeções sobre emissões de gases do efeito estufa decorrentes do leilão.

O histórico de atuação do Instituto Arayara em leilões anteriores da ANP já resultou na retirada de aproximadamente 1,3 mil blocos e na desistência de empresas que haviam arrematado áreas em situação questionável. Juliano Bueno, diretor da Arayara, ressalta conquistas anteriores, como a retirada de blocos da 12ª rodada de concessão em 2013, que previa fraturamento hidráulico em 12 estados, e o recente processo de revisão da ANP para eliminação de áreas com risco socioambiental.

A contestação atual representa mais um capítulo na série de questionamentos aos processos licitatórios da ANP, evidenciando a crescente preocupação com aspectos socioambientais no setor de exploração de petróleo e gás natural no Brasil.

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